terça-feira, 10 de março de 2009

Se és capaz

Se és capaz de manter a tua calma quando todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa;

De crer em ti quando estão todos duvidando, e para esses no entanto achar uma desculpa;

Se és capaz de esperar sem te desesperares, ou enganado, não mentir ao mentiroso,

Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares, e não parecer bom demais, nem pretensioso;

Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires;

De sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores;

Se encontrando a desgraça e o triunfo, conseguires tratar da mesma forma a esses dois impostores;

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas em armadilhas as verdades que disseste,

E as coisas, porque deste a vida, estraçalhadas, e refazê-las com o bem pouco que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única parada tudo o quanto ganhaste em toda a tua vida,

E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada, resignado, tornar ao ponto de partida;

De forçar coração, nervos, músculos, tudo a dar seja o que for que neles ainda existe,

E a persistir assim quando, exaustos, contudo resta a VONTADE em ti que ainda ordena: "Persiste!"

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes e entre Reis, não perder a naturalidade,

E de amigos, quer bons, quer maus, te defendereres, se a todos pode ser de alguma utilidade;

E se és capaz de dar, segundo por segundo, ao minuto fatal que todo o valor e brilho,

Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo. E - o que mais - tu serás um Homem, óh meu filho.