sábado, 14 de março de 2009

CORAÇÃO SACIADO

Nunca tive o hábito de colecionar grandes amores, mas confesso, sempre tive uma grande paixão pelas flores.

Certa vez, ao passar por uma estrada de terra, avistei um casebre, humilde, dessas moradas modestas, onde os vizinhos se reúnem em confraternização e festas.

Parei o carro em frente a humilde morada, e por algum tempo fiquei admirando a beleza das flores do jardim

daquela casa. Do seu interior logo saiu um casal de idosos, gente simples, humilde. Vieram até onde eu estava e logo me perguntaram:
O sinhozinho precisa de alguma coisa?

um copo d’água, um chá de folha? Não, respondi agradecendo a gentileza daquele casal. Eu já bebi aqui no seu jardim a água

límpida do amor. Estou com o coração saciado. Mas no nosso jardim não tem água! E nunca vimos ninguém beber água e saciar o coração, respondeu-me o bom velhinho.

Eu sorri e lhe respondi com outra pergunta: São vocês que cuidam desse jardim, com tantas belas flores?
Sim, responderam-me. Somos

nós. Cuidamos desse jardim com muito zelo e amor. São flores que cultivamos para nossa filha, que ha muito nos deixou. Como ela gostava de flores, antes de partir nos pediu para darmos continuidade ao seu jardim.

E assim nosso maior trabalho aqui neste sítio, é com essas flores.

O cuidado e o zelo que vocês têm com esse jardim, demonstram ser tão

grande, como grande deve ser o amor que vocês tem pela filha.

E continuei...

Com certeza quando ela voltar ficará orgulhosa dos pais que tem.

Para onde ela foi?

Onde ela está?

Os olhos do casal de idosos marejaram-se de lágrimas. Olharam para o céu e responderam:

Ela foi pra lá. Baixei a cabeça.

Depois de refazer-me da surpresa, sem deixar de conter uma lágrima disse-lhes:

Tenham a certeza que todos os dias ela vem lhes visitar. Será? Responderam-me com dúvidas embargada na voz.

Ela está tão próxima de vocês,tanto quanto estás lindas flores também estão, não tenham dúvidas.

Ganhei desse casal de idosos três mudas de rosas, que plantei em meu jardim, e como eles, cuido delas com muito zelo e amor,

por que são flores cultivadas com emoção, molhadas com o abstrato do sentimento que tem nascente no coração.