sábado, 14 de março de 2009

ATÉ BREVE...

Eles eram um lindo casal que o amor um dia uniu.

Na juventude, a alegria lhes era constante, qualquer brincadeira era motivo para alegria, risos e satisfação.

O tempo passou sem maiores observações, mas trouxe-lhes a idade, que as rugas não escondiam mais. Noventa e dois anos se passaram na vida daquele lindo casal, mas a felicidade continuava constante, a vaidade fazia parte da alegria que a vida lhes dera. Ela não esquecia sua maquiagem, manicura tinha hora marcada semanalmente, mas não tinha o costume de pintar o cabelo, por que o branco nevado lhe deixava mais bonita. Ele jamais deixou de trocar sua roupa diariamente e sempre dizia, será que eu estou bonito como deveria estar, para acompanhar sua beleza? Certa noite, quando já recolhidos ao leito, ele disse: É o tecido minha querida!

O que tem o tecido meu amor! O tecido não acompanha o tempo e o nosso corpo é apenas um tecido feito do pó, que um dia voltará a ser novamente pó. Se amanhã você não ouvir mais minha voz e minhas brincadeiras não mais puderem lhe fazer sorrir, peço-lhe, não chore, por que as lágrimas destiladas poderão lhe trazer a tristeza e lhe manchar a maquiagem e eu quero ter na alma sempre a visão da sua alegria e da sua beleza. Você sempre terá essa visão meu amor! Um breve silêncio se fez, quando ele exclamou, estou com sono querida! Então durma meu amor e até amanhã. Até breve ele respondeu, e dormiu. Na manhã seguinte ela despertou alegre como sempre, foi até a cozinha e preparou o café matinal e o trouxe até a cama, para que ali ele se alimentasse. Seu café meu amor, disse ela. O silêncio continuou e com ele veio a lembrança das últimas palavras da noite anterior. "Até breve, não chore, por que as lágrimas destiladas poderão lhe trazer a tristeza...". Mas ela não conseguiu reter as lágrimas que deslizaram suave sobre seu rosto, por que eram lágrimas de amor que a felicidade ao longo do tempo, acumulou.

Ninguém vive de amor, mas sem amor a vida não pode existir. O amor não tem cor, não tem visão, não tem tamanho nem sabor, mas ele é extenso como a eternidade e a felicidade é apenas sua breve inquilina.