domingo, 5 de outubro de 2008

VIAGEM ASTRAL

Morrer é viajar
numa linda espaço-nave,
feita de fímbria
pela morte itinerante,
e partir sagaz e insaciável
rumo ao Mundo maior,
estelar e extravagante.

Assim vou eu um dia,
nas asas da fatal sentenciação,
abastecida pelo vento da emoção,
parar na estação-estrela
mais brilhante,
onde serei a extra planetária mais galante.

Me aproximarei dos astros,
Fincarei minha bandeira pelo mastro
e avistarei a Terra bem distante.

Orientada pela ursa polar,
sem enredo e sem medo de errar,
vou explorar as galáxias,
arrancar com as mãos
o grão fértil do infinito
e me certificar
que não estou apática,
espalhando com prazer
meu tênue grito.

Pintarei esse planeta, cor de rosa,
enfeitarei com cambraia
de nuvens, em matiz.
Farei nesse rico universo,
cortejado com as facetas do meu verso,
Meu oasis, onde com certeza
serei a mais feliz.

Ali será para sempre meu lugar,
onde acenderei o meu olhar
para iluminar a via láctea...
Vou ser o clarão do futuro que dilata,
mudando em massa
toda maneira de sonhar.

Jantarei sopa de estrelinha,
tomarei banho na cachoeira
que é só minha...
Serei eu unicamente a rainha,
feita de neve com a leveza do luar.

Eu, a que ontem só sabia imaginar,
nesse momento
terei um mistério
à desvendar...