domingo, 26 de outubro de 2008

Ser de ninguém

Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates,

nos bares, levanta os braços, sorri e dispara:

"eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo

e todo mundo é meu também".

No entanto, passado o efeito do uísque com energético

e dos beijos descompromissados,

os adeptos da geração "tribalista" se dirigem

aos consultórios terapêuticos,

ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo

e reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas,

descaso e rejeição.
A maioria não quer ser de ninguém,

mas quer que alguém seja seu.
Não dá, infelizmente,

para ficar somente com a cereja do bolo
beijar de língua, namorar e não ser de ninguém.

Para comer a cereja é preciso comer o bolo todo e nele,

os ingredientes vão além do descompromisso, como:

não receber o famoso telefonema no dia seguinte,

não saber se está namorando mesmo depois

de sair um mês com a mesma pessoa,

não se importar se o outro estiver beijando outra, etc.
Desconhece a delícia de assistir a um filme

debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca

com chocolate quente,

o prazer de dormir junto abraçado,

roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade,

carinho e amor.
Namorar é algo que vai muito além das cobranças.

É cuidar do outro e ser cuidado por ele,

é telefonar só para dizer bom dia,

ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas,

transar por amor,

ter alguém para fazer e receber cafuné,

um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas,

enfim, é ter

"alguém para amar".
Somos livres para optarmos!

E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém.
É ter coragem,

ser autêntico e se permitir viver um sentimento...