segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O Talento Esquecido

No mercado da vida, observamos os talentos

da Providência Divina fulgurando na experiência humana,

dentro das mais variadas expressões. Talentos da riqueza material,

da intelectualidade brilhante, da beleza física, dos sonhos juvenis,

dos louros mundanos, do brilho social e doméstico,

do poder e da popularidade.



Alinham-se, à maneira de jóias grandes e pequenas,

agradáveis e preciosas, estabelecendo concorrência avançada

entre aqueles que as procuram.



Há, porém, um talento de luz acessível a todos.

Brilha entre ricos e pobres, cultos e incultos.

Aparece em toda parte.

Salienta-se em todos os ângulos da luta.

Destaca-se em todos os climas

e sugere engrandecimento em todos os lugares.



É o talento da oportunidade, sempre valioso

e sempre o mesmo, na corrente viva e incessante das horas.



É o desejo de doar um pensamento mais nobre

ao círculo da maledicência, de fortalecer com um sorriso

o ânimo abatido do companheiro desesperado,

de alinhavar uma frase amiga que enterneça os maus

a se sentirem menos duros e que auxilie os bons

a se revelarem sempre melhores,

de prestar um serviço insignificante ao vizinho,

plantando o pomar da gratidão e da amizade,

de cultivar algum trato anônimo de solo,

onde o arvoredo de amanhã

fale sem palavras de nossas elevadas intenções.



Acima de todos os dons, permanece o tesouro do tempo.

Com as horas os santos construíram a santidade

e os sábios amealharam a sabedoria.



É com o talento esquecido das horas que edificaremos

o nosso caminho, rumo à Espiritualidade Superior,

na aplicação silenciosa com o Mestre que,

atendendo compassivamente às necessidades

de todos os aprendizes, prometeu, com amor,

não somente demorar-se conosco

até ao fim dos séculos terrestres, mas também asseverou,

com justiça, que receberemos, individualmente na vida,

de acordo com as nossas próprias obras.