FALA-ME
Fala-me de amor...
Não deste amor acovardado, padronizado, tão esteriotipado,
Que se encontra travestido em qualquer esquina.
Quero que me fales sim,
Deste sentimento que tantas vezes é aviltado e desrespeitado.
Que jaz no fundo da alma sufocado, obscurecido,
E que ousa no silêncio da noite bradar ferido.
Revestido com tonalidades de loucura,
É manifestação da essência divina pura,
Numa frágil linguagem de inocência e brandura.
E que maduro reveste-se de simplicidade e sapiência,
Requer o compartilhar, a entrega, abnegação e complascência.
Fala-me de paixão...
Não de uma paixão qualquer que manifesta-se através do instinto.
Quero que me fales sim de entusiasmo, mar, sol, vida,
Paixão que é seiva circulando em nossas veias.
Que nobre aos fulgores da razão,
É ingrediente indispensável a complementação.
Fala-me do porquê deste amor e desta paixão,
Que transformam teu corpo em meu abrigo, meu encanto.
Impulsionam meus lábios sedentos a provar seu sabor,
Explorar todos os seus recantos.
Que ao despirem-se de qualquer pudor e juízo,
Para ti entreabrem as portas do paraíso!
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