QUERO-TE FELIZ!

Senhora, deixa-me beijar-te?
Serão estes beijos virtuais...
Meu rosto és tu quem esculpes
em teus sonhos reais!

Aqui nada somos...
Senão, anônimos e cibernéticos!
Faze-me inteiro, todo teu e teus
desejos manifestos!

Deixa-me tocar-te?
Ainda que meus dedos sejam a brisa
da tua janela...
Faze-me teu príncipe e tu a minha cinderela!

Aqui, imagino-te a meu gosto!
Entregando-te a mim sem medo!
A correres por largas ruas,
com a chuva a beijar-te o rosto...

Teus pés tocam as águas...
Tuas mãos estão ali estendidas!
Sorris a um arco-íris que corta teu céu,
suspiras com o cheiro da vida...

Senhora, deixa-me acompanhar-te?
Por entre as flores agradecidas e perfumadas,
mostrando as pétalas de tantas cores
entre a relva molhada!

Balançam ainda as primaveras,
querendo abraçar os raios de sol e, por
estes caminhos, lindas quimeras...
Acompanhadas pelo cantar de um rouxinol!

Partem em bando as coleiras,
buscando guarida no poente...
Cantam entre as pedras as corredeiras
com suas límpidas nascentes!

Beijo-te com boca de mel,
quando provas a doçura de um jataí...
Abraço-te com a leveza de um véu,
garoa de cascata a cair!

Provas de mim nas amoras...
Destas que aparecem silvestres!
Dança comigo, senhora?
No bailar das borboletas agrestes...

Sou o rosto que esculpes...
O homem que sonhas, querido!
Um príncipe, um rei, um plebeu ...
Teu amante, senhor ou marido!

Sou um fugaz pensamento na hora que se esvai...
Quando estás a teclar solitária!
Sou a poesia que escreves sem endereço,
com sonhos que a tua alma embala...

Senhora, sou pura fantasia!
Dize-me: é proibido sonhar?
Que não seja virtual a tua alegria
e que possas por ela buscar!

Quero-te feliz!
Quero-te sonhando...
Em alguém que imaginas, acredita!
Sou eu quem estarei te esperando!