segunda-feira, 28 de abril de 2008

De grão em grão

Em todo relacionamento não existem coisas grandes, pequenas e insignificantes. Nos verdadeiros relacionamentos, tudo é grande.
Nosso erro é justamente pensar que existem coisas que não devem ser levadas em consideração, que podem ser deixadas pra trás, que vão passar com o tempo e serão esquecidas.
Coisas pequenas podem incomodar tanto ou mais quanto as grandes. Quem já viu o tamanho de uma pedra que maltrata os rins ou a vesícula sabe do que falo.
O acúmulo das pequeninas coisas dia ou outro vai acabar estragando o relacionamento. Quando a gota que fizer transbordar o vaso chegar, a queda será inevitável.
Quando vemos pessoas que se separam, em amor e amizade, de uma hora pra outra nos surpreendemos. O que não podemos imaginar é o quanto o coração daquelas pessoas estava cheio de pequeninas coisas mal resolvidas.
A gente vai acumulando mágoas, deslizes, nos dizemos que estamos perdoando, que iremos nos esquecer. E um dia, por um motivo às vezes mínimo, tudo explode, tudo sai, tudo o que estava esquecido reaparece. E ainda pior, pois enraizado em nós, atinge o outro como uma bofetada.
O coração não esquece assim tão facilmente se ele mesmo não soube compreender, aceitar e perdoar.
Assim como nosso estômago, ele precisa também digerir. Conversas que ficam para o dia seguinte são problemas adiados. O amor, por mais imenso que seja, também sofre.
Devemos ter o cuidado de tirar a cada dia, cada ocasião, as pequenas ervas daninhas que envenenam pouco a pouco nossas relações. Uma boa comunicação, aberta e franca, pode até magoar no momento, causar choro e desgosto. Mas pode também salvar os relacionamentos.
Se grãos devem encher nosso coração, que sejam eles então os do amor, sinceridade, ternura, franqueza, momentos de felicidade. E que ele transborde, pleno e cheio de vida!