segunda-feira, 21 de abril de 2008

FALA AMPARANDO

Quando estiveres a ponto de condenar alguém, lembra-te de ti mesmo. Quantas vezes terás ferido, quando te propunhas auxiliar? Muitos daqueles que povoam as penitenciárias, dariam a própria vida para que o tempo recuasse, propiciando-lhes ensejo de se fazerem vítimas ao invés de verdugos... Prefeririam cegueira e mudez no instante de vazarem a acusação ou extrema paralisia na hora da violência. E qual acontece aos irmãos segregados no cárcere, quantas criaturas carregam enfermidade e frustração nas grades mentais do arrependimento tardio? Trajam-se em figurino recente e conservam a bolsa farta, mas, por dentro trazem desencanto e remorso por fogo e cinza no coração. Supõem-se livres, no entanto, jazem presas, intimamente, na cela de angústia em que enjaularam a própria alma, por não haverem calado a frase cruel no momento oportuno... Poderiam ter evitado o desastre moral que lhes dói na lembrança, contudo, por se acomodarem à impaciência, atearam o incêndio que resultou em loucura e destruição. Não sirvas vinagre e fel à mesa da própria vida. Onde surpreendas perturbação e sombra estende o socorro da paz e o benefício da luz. Compadece-te dos ingratos e desertores, quanto te condóis dos que passam sob teus olhos, mutilados e infelizes. Ninguém praticaria o mal se, antes, lhe conhecesse o fruto amargoso. Compreendamos para que sejamos compreendidos. Agora, talvez, poderás censurar os erros dos semelhantes. Amanhã, porém, mendigarás o perdão dos outros pelos teus desatinos. Entrega a aflição de cada dia ao silêncio de cada noite. Lembra-te de que, por maiores tenham sido os desregramentos da Humanidade na Terra, o Céu nunca fez coleções de nuvens para amaldiçoar ou punir, mas sim, cada manhã, acende o brilho solar por mensagem bendita de tolerância e de amor, endereçando aos homens a esperança infatigável de Deus.