quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Tempo tão pouco

Não houve tempo para o beijo

de despedida.

Nem mesmo para um abraço apertado.

Tanta coisa ficou pela metade.

O livro em sua cabeceira.

O seu café sob a mesa.

O jornal daquele dia que

não chegou a ser lido.

O seu doce predileto que

se perdeu na geladeira.

Foi tudo tão repentino,

momentos rápidos, fugidios,

como se a própria vida quisesse me poupar do sofrimento

que estava por vir,

da escuridão da noite

que se faria em minha vida.

E foi mesmo de repente.

A partida definitiva.

Aquele dia não foi como os outros.

E eu nem percebi.

Não tive a sensibilidade de notar

que cada um daqueles momentos

seria o último de nós dois.

Não haveria mais o beijo de bom dia,

a conversa gostosa durante o almoço,

o seu sorriso fácil

que inundava a nossa casa.

Não haveria a sua constante alegria.

Não haveria mais você junto de mim.

E agora, tantos anos passados,

tantos dias sem saber

como seria o amanhã,

tantas noites de lágrimas tantas.

Saudade?

Imensa, doída, eterna.

Pela metade me senti.

Mas pela metade você não me deixou.

Deixou pedacinhos de você

que ficaram comigo.

E hoje são você,

materializadas em minha vida.

E cada vez que as olho,

é o seu sorriso que me chega,

é a sua expressão de paz

que me tranqüiliza o coração.

Elas.

O conforto que veio para que

eu conseguisse seguir em frente.