sábado, 30 de agosto de 2008

SONHOS E ILUSÕES

Era como um cometa,
lindo e intemporal,
enchendo meu céu
de esperança,
acima do bem e do mal.

Era como um cair de noite,
com a lua vindo brincar
nas ondas verdes do mar.

Era como a brisa fresca,
o sopro desse arrepio
que percorre meu corpo,
em suavidade e constância,
trazendo de volta
a lembrança,
de quase eu mesmo.

Era a ilusão
de sonhos e de amor,
entorpecendo a razão
e devagarinho,
arrastando para dentro
do meu coração,
a dor.

Era a experiência,
necessária e inexorável,
tatuando marcas
de um bem-querer
sem ressonância
e sem constância,
como restos
de um impossível acalanto.

Era a noite imemorial
das almas
que vagueiam
na imensidão do tempo,
sozinhas e inconsoláveis,
ansiando lenir feridas,
eliminar cicatrizes
e maquiar saudades.

Era o compromisso
com a dor,
com a mágoa
e a tristeza,
a inaceitável decepção,
o jejum de afeto,
a indigência de devoção,
a solidão.

Era o dia que se faz noite,
a luz que aos poucos se apaga,
a ventania que arranca flores,
deixando jardins sem cores.

Era o vendaval,
não mais a fresca brisa,
nem o arrepio,
em suave constância;
era o temporal
que o pesadelo eterniza.

Era o ciclone,
indesejável e avassalador,
varrendo para bem longe
meus sonhos e ilusões,
esvasiando meu coração
de amor
e nele fazendo ficar
tão somente
a dor...