sábado, 2 de agosto de 2008

CÁRITAS

Eu sou o Sol que aquece
vida, em nome da vida que criou o sol.

Sou eu quem reverdece o campo em
beijos cálidos após a demorada invernia.

Eu sou a força que sustenta as criaturas tombadas,
a fim de que se ergam, e as desiludidas,
para que recomecem o trabalho do próprio crescimento.

Eu sou o pão que alimenta os corpos e as almas,
impedindo-os de experimentar deperecimento.

Sou eu a música que enternece o revoltado,
e sou o poema de esperança que
canta alegria onde houve devastação.

Por onde eu passo, um rastro luminoso fica
vencendo a sombra que cede
lugar à claridade libertadora.

Eu sou o medicamento que restaura
as energias abaladas, e sou o bálsamo que suaviza
o ardor das chagas purulentas
que levam à agonia e à alucinação.

Sou a gentileza que ouve pacientemente
a narrativa do sofrimento e nunca
se cansa de ser solidária,
conquanto a aflição se espraie entre as criaturas.

Eu sou o fermento que leveda a massa
e dá-lhe forma para aprimorar-lhe o sabor.

Sou eu a paz que visita o terreno árido,
adornando-lhe a paisagem fúnebre.

Eu sou o perfume carreado pela brisa
mansa para aromatizar os seres e os jardins.

Sou eu a consolação que sussurra palavras de fé
aos ouvidos da amargura e soergue
aqueles que já não confiam em ninguém,
aturdidos pelas frustrações e feridos
pelas dores pungentes.

Eu sou a madrugada que ressuscita
todos aqueles que são tidos como mortos
ou que estão adormecidos,
a fim de que possam voltar ao convívio
dos familiares saudosos e em angústias devastadoras.

Sou eu a água refrescante que
sacia a sede de todas as necessidades
e limpa os detritos da alma degenerada,
preparando-a para os renascimentos felizes.

Eu sou o hálito divino sustentando
a criação e penetrando por todas
as partículas de que se constitui.

Convido Alma Irmã, a fé,
para que ofereça resistência ao
viajor cansado e o alente em cada passo,
concedendo-lhe combustível para nunca desistir.

Eu me apoio na irmã esperança
que possui o encanto de reerguer
e amenizar a aspereza das provações.

Quando elas chegam,
o prado queimado se renova,
porque se me associam,
fazendo que arrebentem flores e
frutos onde a morte parecia dominar...

As duas, a fé e a esperança,
constituem os elementos vitais da minha alma,
a fim de que permaneça conduzindo todos os seres.

O Senhor enviou-me em Seu nome,
com a missão de lembrar a Sua presença no Mundo,
desde quando me usou para
que as criaturas que Lhe desafiaram
a justiça e a misericórdia,
pudessem recomeçar o processo de evolução.

Vinde comigo ao banquete
suntuoso da ação contínua
do bem e embriagai-vos de felicidade.

Eu sou a caridade!


A caridade para ser legítima
não dispensa a fé que lhe oferece vitalidade;
e esta para ser nobre deve
firmar-se no discernimento da razão
como normativa salutar