segunda-feira, 21 de setembro de 2009

LOUCO

Me perguntas como me tornei um louco...

Foi assim:



Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras haviam sido roubadas







– as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas. Corri sem máscara pelas ruas cheias de gente, gritando:



"Ladrões, ladrões.... Malditos ladrões!"



Homens e mulheres riam de mim e alguns corriam com medo para suas casas.



Quando cheguei à praça do mercado, um menino trepado no telhado de uma casa gritou:



"Você é um louco!"

Olhei para cima para vê-lo. O sol brilhou pela primeira vez em meu rosto descoberto.



Pela primeira vez o sol beijava meu rosto nu, e minha alma se encheu de amor pelo sol, e nunca mais desejei usar máscaras.



Assim me tornei um louco.

E encontrei tanto liberdade como segurança em minha própria loucura.



A liberdade da solitude e a segurança de não ser compreendido.



Pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.