quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A Beleza

Não tens corpo, nem pátria, nem família,

Não tens curvas ao jogo dos tiranos.

Não tens preço na terra dos humanos,

Nem o tempo te rói.

És a essência dos anos,

O que vem e o que foi.

És a carne dos deuses,

O sorriso das pedras,

E a candura do instinto.

És aquele alimento

De quem, farto de pão, anda faminto.

És a graça da vida em toda a parte,

Ou em arte ,

Ou em simples verdade.

És o cravo vermelho,

Ou a moça no espelho,

Que depois de te ver se persuade.

És um verso perfeito

Que traz consigo a força do que diz.

És o jeito

Que tem, antes de mestre, o aprendiz.

És a beleza, enfim. És o teu nome.

Um milagre, uma luz, uma harmonia,

Uma linha sem traço...

Mas sem corpo, sem pátria, sem família,

Tudo repousa em paz no teu regaço.