VIAGEM
No perfume dos meus dedos, há um gosto de sofrimento, como o sangue dos segredos no gume do pensamento.
Por onde é que vou? Fechei as portas sozinha, Custaram tanto a rodar! Se chamasse, ninguém vinha. Para que se há de chamar?
Que caminho estranho! Eras coisa tão sem forma, tão sem tempo, tão sem nada... -arco-íris do meu dilúvio! - que nem podias ser vista nem quase mesmo pensada. Ninguém mais caminha?
A noite bebeu-te as côres para pintar as estrêlas. Desde então, que é dos meus olhos; Voaram de mim para as nuvens, com rêdes para prendê-las. Quem te alcançará? Dentro da noite mais densa, navegarei sem rumôres, seguindo por onde fôres como um sonho que se pensa.
Por onde é que vou?
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