quarta-feira, 24 de junho de 2009

CAPÍTULO FINAL

Era inverno de 1923, quando uma criança chegou ao mundo, trazendo consigo uma história para ser escrita...

Era uma menina e se chamava Emília. Chegava ao mundo trazendo a esperança pela mão...

Emília amava as flores, e seus olhinhos brilhavam quando via margaridas, cravos, cravinas, dálias, rosas... Ah! As rosas... As rosas eram, para Emília, as mais especiais das flores...

E foi entre as flores que aquela garotinha de olhar vivo, cresceu...

Mas com o passar do tempo Emília percebeu que no mundo não havia só jardins, havia também espinhos, ervas daninhas, pragas diversas...

Notou que existem tempos de secas e de enchentes, dias de sol e dias de sombras, noites de luar e noites sem estrelas...

Quando tinha apenas 16 anos, Emília conheceu os horrores da segunda guerra mundial, e percebeu que existem coisas muito feias que o egoísmo das pessoas consegue criar...

No entanto, ela nunca se deixou levar pelos dias amargos...

O nome Emília, que é de origem latina, quer dizer trabalhadora, lutadora, e ela honrou seu significado.

Apesar dos espinhos que encontrava no caminho, Emília jamais desistiu das flores, porque sabia que as flores valem a pena...

Os anos se passaram e a jovem Emília resolveu cultivar, nos jardins da própria alma, as flores mais raras que existem na face da terra: os filhos.

Junto com o companheiro eleito de sua vida, ela trouxe ao mundo 3 flores únicas, às quais dedicou seu tempo, seu carinho, sua alma de mãe.

Ela sabia que cada pessoa é uma flor única...

Não há no universo outra igual...

E se o Divino Cultivador as depositou em seu lar, confiando-as aos seus cuidados, era preciso honrá-las com dedicação e amor...

E foi isso que aquela personagem anônima fez durante toda a sua vida...

Depois vieram os netos, bisnetos, tataranetos, todos tratados como flores raras, únicas, especiais...

Foi assim que a menina Emília, que chegou ao mundo naquele inverno longínquo de 1923, havia cumprido sua missão, havia escrito a sua história.

Amou, suportou com coragem os 86 invernos de sua existência, e nunca deixou de semear e cultivar flores...

Partiu no inverno de 2006, e a despedida foi enfeitada de flores.

Hoje ela cultiva jardins no mundo espiritual, aguardando a chegada dos seus amores, quando eles também concluírem o último capítulo de sua história, e partirem ao encontro do seu abraço de amor...

Afinal, todos sabem que o túmulo não é um beco sem saída, é apenas uma passagem, que se fecha ao crepúsculo, e a aurora vem abrir novamente.

Pense nisso!

A existência no corpo físico é apenas uma pequena parte da história de nossa trajetória pela eternidade afora.

É uma breve passagem pela escola da vida terrestre.

Pelos nossos ditos e feitos é que seremos lembrados, quando partirmos para a pátria verdadeira.

Nossa forma de ser ficará impressa nas mentes e nos corações que também fizeram parte dessa história.