terça-feira, 2 de setembro de 2008

TEMPO FUGAZ

Tão pueril é o tempo !
Fugazes os nossos momentos...
Ainda ontem, pai, tu me tinhas no colo
em nossas costumeiras brincadeiras!

Engraçado...
Nem o tempo correr eu via,
qualquer mudança em seu rosto
que a vida esculpia...

Era lindo o céu atrás de uma colorida pipa!
As estrelas pelas noites ao léu,
vestidas de renda e chita!

O cheiro do teu peito
misturado a teu perfume e tabaco...
O barulho que já conhecia minha alma,
quando escutava os teus passos...

Tuas mãos...
Sim! Eram àsperas!
A mim tinham a maciez do algodão,
quando meu rosto acariciavas...

O que me fez lembrar de ti se
há muito partiste?
Ainda ando pela vida me educando...
Meus tombos , pai, será que assististe?
Meu choro sem o teu ombro?

Existem natais...
Datas que não me deixam esquecer!
Os dias de temporais,
as horas do escurecer...

Sobra sempre uma cadeira!
Faço questão do costume preservar.
Sinto-te na minha mesa,
na hora do nosso jantar !

Tempo pueril...
Dias da minha infância...
Tempo fugaz!

Por que hoje fui lembrar?
Os meninos brincam pela rua,
atrás de uma bola de capotão...
Eu aqui a chorar,
saudade no coração?

É que ainda sinto, no vento que me toca,
a candura das tuas mãos...
Ainda o calor do teu abraço,
nas noites de escuridão!

Ah, Pai, descobri!
O homem cá fora é pura casca...
Na alma ainda não cresci!