"CARA PINTADA"
Caminho indulgente pela vida
Sou um pedaço de tudo
Um resto de nada desconcertado.
Rio escrachadamente
Enquanto guardo por dentro minha lágrima.
Sou vida marcada de forma dolente
Um naco de dor que me arrasa
Na solidão mais plangente
Que açoita sem pena alguma
Cobrando de mim tudo que existo.
Queria plantar uma flor na minha existência
Mas só restaram os espinhos
Que disfarço num deboche debulhado
E escondo o resto na minha cara pintada
Num disfarce de riso
Fazendo circo na minha imagem.
Levo comigo tantas faces
Que até esqueço da minha que se debate.
Um dia, quem sabe, eu possa ser eu mesmo
Possa me mostrar de cara lavada
Na alma sangrada que ninguém conhece.
Hoje deixo que riem a vontade
Da minha mentira que se torna verdade
Da minha essência esquecida
Que só se mostra quando tiro a maquiagem
E essa... Ninguém sabe.
|