quinta-feira, 29 de maio de 2008

PORTO-CORAÇÃO

Soltei as amarras e deixei teu navio partir sem medo
Para singrar outros mares sem segredo,
Aventurar-se como ave em arribação.
Meu cais ficou vazio de sua âncora.
Tremulou indeciso meu porto-coração,
Balançou em permeio sua velha embarcação.

Mas deixei-o ir enfrentar mares bravios,
Vencer seus receios fazendo desafios
A sua própria sorte.
Colher tempestades de dúvidas
Que abalroarão seu casco com promessas de porte.

Divisei ao longe sua fortaleza destemida
Com a proa ao vento dismistificando a vida.
Nem as ondas fugazes das ilusões
Tiraram-lhe as certezas e decisões.

Foi-se rumo ao futuro que lhe espera;
Cargas de flores farão sua próxima primavera,
Canção de sol aquecerão seus dias,
Seu oceano será vasto de alegrias.

E assim, solto de mim mais uma dor que remia
Até o advindo inócuo da saudade
Para vestir de negro minha alma vazia
E sonhar com a volta do que foi tarde.