sábado, 31 de maio de 2008

Como a folha que cai

A folha caiu e deixou só o cheiro da primavera
Foram-se as horas de paz e o aceno de mão
Ficou o gerânio vermelho e a rosa amarela
O olhar cansado e o lento bater de um coração

Foi desde o começo um amor proibido
Que fez voltar os anos perdidos da mocidade
Tocou profundo como flecha de cupido
Deixou a dor de uma imensa saudade

Vejo ainda ressurgir aquele adeus de outrora
Na curva longínqua e o teu vulto sonhado
Prá que olhar as estrelas, saber da hora
Torno a chamar-te e recebo um eco angustiado

Pego a folha com mãos trêmulas e inseguras
Tento buscar nela o cheiro do incenso desfeito
Encontro sombras roxas de amarguras
E uma lágrima salgada que desce até o peito

Minh'alma soluça e busca teu nome no infinito
Quisera tornar ao pretérito e mergulhar no espaço
Dar mãos àquela que foi minha musa, meu mito
E deixar o que nunca foi dado, o meu abraço.