segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A DEVOTA DO AMOR

Um novo amanhecer, os jardins floridos, a sinfonia das aves anunciando o dia que breve irá chegar. Esses são motivos que alegram nossos momentos, são dádivas a nós ofertadas pelo Criador.

Mas existem outros motivos que nos alegram e nos emocionam também, dos quais jamais esqueceremos.

Existem segredos em nossas vidas, ainda que não tivéssemos prometido não revelá-los, os deixamos guardados em nosso coração, mas este que guardo com muito carinho, vou lhes revelar agora.

Entre tantas obrigações que assumi em minha vida, uma delas foi de visitar os velhinhos de um asilo.

Ali eu tive o prazer de conhecer tantas pessoas que o tempo as fez criança novamente.

E lhes digo, foi nesse tempo que eu muito aprendi.

Conheci naquele lar uma jovem de 82 anos de idade, que entre tantas atividades que o lar oferece uma das quais é a alfabetização para aqueles que não tiveram a oportunidade de frequentar uma escola.

Essa jovem de 82 anos, com as mãos já trêmulas e enrugadas, cabelos alvejados, presente ofertado pelo tempo, rabiscava as letrinhas que lhe ensinavam como tarefa.

Minha emoção já bastante acentuada pela observação que eu fazia daqueles gestos, que mais pareciam de uma criancinha, sentei-me ao seu lado e acariciei seus cabelos, enquanto lhe perguntava: Porque você quer aprender a escrever? Com um doce olhar ela me respondeu. Eu quero ser doutora, assim como o meu filho é. Eu não tive tempo quando era jovem, por que todo o meu tempo era ocupado com o trabalho, para custear os estudos dele. Mas você ainda é jovem, respondi.

O que você está fazendo agora é muito importante, por que esta é à hora de aprender as letrinhas. Que letrinha é esta, perguntei-lhe apontando para um A. Essa é o A, respondeu-me. Essa é a letrinha mais linda de todas. Por quê? Indaguei. Porque é o A do amor! E como eu sou devota do amor, essa é a que eu mais gosto.

Por falar em amor, onde está o seu filho doutor? Não sei, respondeu-me. Ele me deixou aqui nesta casa e nunca mais veio me ver, acho que ele é muito ocupado. Não se preocupe, ele virá lhe ver na sua formatura. Com lágrimas nos olhos dei um beijo na face daquele anjo e me fui.

Dias depois, avisaram-me que ela queria muito me ver. Logo atendi seu pedido, mas não cheguei a tempo, pois ela acabava de concluir a universidade da vida, partindo para outro aprendizado na eterna escola de Deus.

E por ser devota do amor, foi-lhe outorgado o título de benfeitora da vida.