quarta-feira, 2 de julho de 2008

O Cantar das Águas

Ah se eu pudesse deixar tudo para trás

Não crer em fantasias

Não amar sem ter certeza de ser amada

Esquecer sonhos impossíveis

Não esperar nada acontecer

Deixar apenas como um rio

A vida lentamente correr!



Fiz-me surda ante a frieza de tua voz

Quantas vezes eu me fiz cega e muda

Não me esvaí em lágrimas

Para não dilacerar meu próprio coração

Jamais alcancei ou desvendei

O enigma do teu âmago ou da tua alma!



Sempre guardaste os teus segredos

E te fechaste em conchas

Nunca os compartilhaste comigo

Eu que me doei de corpo e alma para te sentir feliz!



Homem frio que apenas simulava amor por mim

Minha alma refletia um imenso brilho por onde vagava

Iluminando os campos nas frias madrugadas

Enquanto o luar dormitava

Eu não sentia meu corpo nem discernia

Se ele corria ou voava!



Ao amanhecer ouvia o cantar das águas

Saudando o sol e a vida

E eu desesperada continuava correr e voar

Atrás do tempo

Meu canto nostálgico não saudava nada!



Meus pés desgovernados como o vento

Voavam para longe do cantar das águas

A cada passo largo que eu mudava

Tocando a água brutalmente

Tanto o desejo de transmutar meus sonhos

Sentir-me solta a voar no espaço

Sem ter ninguém por testemunha!



Continuar minha viagem astral era o que eu mais desejava

Não pensar não lembrar de voltar

Ao meu ninho vazio frio triste isento de carinho e felicidade!



De repente um clarão iluminou o céu

Ouvi uma voz angelical sussurrar-me ao ouvido

Dizendo...

Menina crê em tuas fantasias em teus sonhos

E torna a amar a vida!



As águas dos rios das cachoeiras riachos e fontes

Calaram seu canto

A natureza pede que eu não deixe de ouvir o cantar das águas

Por ser triste demais

Cantar para ninguém

Cantar para o nada!