Tenho raiva de mim!
Tenho raiva de mim... Tenho muita raiva!
Raiva por acreditar em tudo... Por sonhar!
Raiva da poesia que me faz tola, sensível!
Por ser visionária e por todos querer amar!
Tenho tanta raiva do meu coração imbecil!
Raiva... Raiva... É imensa a minha raiva!...
Raiva da esperança que move minha vida.
Da sensibilidade... Essa horrenda praga!...
Chega... Chega de homéricas decepções!
Este mundo cruel não comporta emoções!
Não admite poetas e as suas alucinações!
Nele só conta o vil metal e suas aberrações!
Tenho raiva!... Tenho!... Tenho raiva de mim!
Raiva da lágrima dorida que banha meu rosto,
Das noites de insônia que me fazem pensar,
Que sou a culpada de todo o meu desgosto!
Tenho raiva e vergonha por ser humana...
Tenho raiva por ser vista como a boazinha,
Como aquela poeta maluca... Sonhadora,
Que faz poesia à toa. Coitada tão bobinha!
Tenho raiva de mim... Da minha Poesia!
Tenho raiva da companheira madrugada!
Que me convida a voar, viajar em versos...
Ferindo ainda mais minha alma marcada!
Mas do que falo eu... O que estou falando?
Seria eu tão errada... Por amar assim?...
Tenho que aceitar o mundo não é pra mim!
O desamor me engoliu... Venceu-me enfim!
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