FORÇA MARAVILHOSA
Vive conosco qual divindade num castelo...
Sem qualquer noção de medida para a beleza, impele-nos a sonhar com mundos novos e troféus ideais.
Arrebata-nos a visões gloriosas em que nos pressentimos, de inesperado, no limiar de eras e esferas ditosas, com a inocência de quem tomou passaportes no rumo de paraísos ignorados.
Às vezes, adquire as propriedades do estimulante que carrega a pessoa para os derradeiros pesadelos da audácia, compelindo-a a mentalizar realizações impraticáveis e, noutras ocasiões, assemelha-se a entorpecente empolgante engodando a alma com a exposição de cenários deleitosos, nos quais se sente chamada a usufruir uma felicidade impossível.
Sem ela, raciocínio e sentimento vagueariam, transviados, por falta de alimento adequado, porém, se age sozinha, atira a razão para o cálculo desproporcionado e arrasta o coração às zonas abismais do descalabro emotivo, de onde a mente se transfere com facilidade para a queda em obscuros compromissos para repetidas reencarnações de sofrimento e resgate.
Em nós outros, os cultivadores da Doutrina Espírita, encarnados e desencarnados, semelhante deidade acende cartazes luminosos, anunciando reinos encantados de ventura fictícia, habitualmente colocando metas e vitórias antes de esforço e luta.
Lidando, acima de tudo, com esboços e projetos, aliás indispensáveis a qualquer edificação nobre, costuma embriagar-nos com perspectiva de conquista sem labor e ascensões sem transposições de obstáculos.
Nesse aspecto usa as belas palavras como sendo cores hipnóticas e as grande emoções por pincéis fantásticos, imobilizando-nos em epopéias de ilusão, dentro das quais acordamos, comumente desalentados, quando não temos suficiente juízo para guardar-nos em responsabilidade e serviço.
Clareando o plano íntimo, preservamo-nos contra essas miragens que esbarram em sombra e vazio, porque essa força maravilhosa é a nossa própria imaginação.
Precisamos dela e nada faremos de proveitoso sem ela, contudo, disciplinemo-la sobre os trilhos do discernimento e da lógica, porque imaginação sem obrigação será sempre um espetáculo fascinante na platéia dos sonhos a exibir-se no palco do tempo perdido.
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