quarta-feira, 26 de maio de 2010

HISTÓRIA DE UM CHINÊS

NUMA PEQUENA CHOÇA, no alto de uma colina onde se avista o verde mar, vivia um jovem pescador chinês.
A choça era verdadeiramente pequena. Consistia apenas de um quarto, atrás do qual ficava um alpendre que servia de cozinha.
As paredes e assoalho eram de barro batido e encarnadas telhas formavam o teto.
A cama, ou melhor, algumas tábuas sobre dois bancos, duas tripeças e uma pequena mesa constituíam a singela mobília.
Do outro lado oposto à porta, achava-se uma mesa alta e estreita, onde se encontrava o ídolo de barro pintado, dos pescadores.
Ladeavam velas de cor carmesim em candelabros de metal branco e a sua frente ficava a pesada taça de bronze, cheia de cinzas provindas das barras de incenso.
Toda manhã, antes de sair à pesca, o jovem chinês apanhava duas novas barras de incenso, segurava-as diante do ídolo,
agitava-as no ar e colocava-as na taça, rogando dessa maneira as bênçãos do ídolo para sua pesca. Assim fazia toda manhã, com fé singela no poder que deveria ajudá-lo.


Isso aconteceu por muito tempo. Certa ocasião
nosso amigo chinês precisou ir a uma aldeia distante e não poderia estar de volta no mesmo dia. Não havia ninguém para queimar incenso ao ídolo, no tempo designado.
No entanto, para a sua fé sincera isto não apresentava dificuldade.
À hora de sair, tirou do pacote vermelho duas barras de incenso, e colocou diante do ídolo com uma caixa de fósforos.
Em seguida inclinando-se reverentemente disse:
Ó espírito, hoje devo ir a negócios a um lugar distante e não poderei estar de volta em tempo de queimar-te incenso,
diariamente tenho feito isso sem faltar, somente desta vez, acende tu mesmo, por favor. E retirou-se logo a seguir.
Ao regressar, para sua surpresa não viu as espirais de fumo que deveriam ascender da taça. Aproximando-se e investigando melhor,
deparou com as barras de incenso e os fósforos justamente como os havia deixado.
Então cheio de ira, volveu-se para o ídolo e disse:
– Por muito tempo tenho queimado incenso diante de ti e nunca o deixei de fazer. Somente desta vez pedi que o fizesse e não o fez.
Será que não podes? Bem, um ídolo que não tem poder para acender seu próprio incenso, certamente não tem poder para ajudar-me. Por isso não adorarei nenhum deles, até encontrar um capaz de acender sua própria luz.

Passaram-se alguns anos. O chinês abandonou sua choça de pescador e teve oportunidade de freqüentar uma escola.
Um de seus colegas era cristão e veio, a saber, o voto que ele fizera.
De modo que certo dia, o cristão lhe disse:
-- Amigo, queres amanhã de madrugada, subir comigo ao cume de uma colina?
Tenho alguma coisa para mostrar-te.

O chinês aceitou o convite e na manhã seguinte, antes do nascer do sol, saíram juntos os dois amigos. A todas as perguntas do chinês,
o nosso bom cristão respondia:
‘Espera e verás’.
Chegaram afinal ao cume da colina,
quando os primeiros clarões tingiam de púrpura o céu oriental.
Enquanto observavam o maravilhoso alvorecer de mais dia, eles viram o sol surgindo em toda sua glória e esplendor.
-- Repara, disse o amigo cristão, o Deus que eu adoro é Todo-poderoso.
Toda manhã Ele acende Sua luz e espalha claridade, em todo o mundo.

Desde esse dia, o chinês dedicou a vida ao Deus verdadeiro, ao Deus que tem poder para acender Sua própria luz.
Tornou-se mais tarde um pregador cristão,
mostrando a outros o caminho para o verdadeiro Deus.
Mas jamais esqueceu o amigo que por uma ilustração simples,
o guiou à verdadeira Luz.