O POETA E A REALIDADE
O poeta não foge à realidade...
Sente o mundo qual é, amargo e triste,
E, vezes tantas, quase não resiste,
A usara, a frieza e a leviandade.
Vê a fome, a doença, a impiedade,
A podridão imensa que existe,
E condoído a soluçar assiste,
O avanço incontido da maldade.
Mas ele pensa: "Ainda há esperança?
"Será que um dia pode haver mudança"?
E confiante então responde: "Sim!"
Por isso evita comentar desgraça,
Canta belezas onde o feio grassa,
Para evitar da humanidade o fim.
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