quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A generosidade

Quanto mais caminho,
mais percebo o quanto o mundo
anda sedento.

As pessoas correm,
sofrem,
se desesperam e continuam
buscando a felicidade como
se essa fosse apenas uma miragem
nesse imenso deserto que a vida
se transformou.

Há muita gente no mundo,
milhares e milhares.
Portanto,
a solidão continua
assolando vidas,
maltratando corações que,
no fim do dia e das contas acabam
desacreditando nas portas
que se abrem a elas.

Cada qual pensa no próprio eu
e todo mundo se isola.

Enquanto isso,
a vida continua,
cresce a indiferença,
cresce o desamor,
multiplicam-se as depressões
e incompreensões.

As pessoas
sentem-se vazias e reagem
como pessoas vazias.
Vazias,
pelo menos,
de amor e caridade,
mas cheias de tristezas e desilusões.

Há, portanto,
dentro de cada um de nós
um poço de possibilidades e
compartilhar de si é deixar-se
um pouquinho em cada um.

Só não tem nada para
oferecer quem possui
um coração vazio,
não as mãos.
E acabar com a solidão
de alguém é contribuir para
o fim da própria solidão.

Oferecer a esperança é
dar-se a si uma nova chance,
é reabrir portas,
é descobrir o novo e
entregar-se a ele.

Há melhor presente no mundo
que o dom de si?

Há coisa mais bonita que saciar
o coração de alguém?

Devolver a esperança,
por menor que seja ela,
é dar às pessoas a
oportunidade de descobrir
o outro lado da vida,
aquele que,
embora um pouco esquecido,
ainda existe.

O dia tem 24 horas
e parece muitas vezes que
são insuficientes para fazermos
tudo o que temos que fazer.

Lamentamos a falta de tempo
para isso ou aquilo
e pensamos que um dia,
quem sabe,
se atingirmos a bênção
da velhice tranqüila,
poderemos dar um pouco
mais de nós aos outros.

Quanto engano!!!

Podemos dar de nós a cada
dia e a cada hora,
agindo com o coração e tendo
uma atitude que nos torna
diferentes em qualquer lugar.

Pode-se resistir ao
ódio por muito tempo,
mas quem resiste à ternura,
ao afeto,
ao amor e à boa-vontade?

Quando as pessoas agirem com
menos egoísmo e ao invés de
ruminarem a própria
infelicidade começarem
a agir para o bem do próximo,
as doenças da alma
começarão a encontrar a cura
e o amanhecer terá para cada um
de nós um outro rosto,
mais sereno,
mais amigo e mais esperado.