quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

BORDADO

Encontro pedacinhos de você
no meu computador
tento juntar tudo isso
e curar essa imensa dor.

Não consigo, leio
seus e-mails antigos
buscando as conexões
costurando as razões

dos nossos desacertos.
Cada ponto da costura
remenda ou separa as partes
do escuro da situação.

Tento , então bordar
em flores lindas
tudo o que já passou
e vejo na minha e na tua alma

Só pedaços do que ficou:
restos de flores, folhas, frutos
saborosos, pêssegos em sua boca
cheiro de mato, de capim molhado,

barulho de chuva no telhado.
Cheiro de curral de fazenda
redes que balouçam solitárias ao vento.
E um frio interior "danado"

me assola o pensamento
e o corpo se encolhe, com medo,
inseguranças, incertezas,
e do coração...não vem nenhum conselho

pra suportar o maltrato
no seu sentido lato.
E minhas mãos procuram as suas
e só encontram o escasso

vento sul, que traz a brisa morta
do amor desesperado
solitário, no último suspiro.
E choro por não ver mais o seu rosto
nesse meu bordado.

E como sangra e sua o infeliz coração
que só queria entender de amor e de paixão
que só queria ser feliz,
juntando tecidos de reposição

emendando a auto-estima
de uma vida em solidão.
Buscando o companheirismo
na contramão

da idade e de uma vida
que não nasceu pra ser feliz
mas o destino repete a lição:
"você é um eterno aprendiz

E quem sabe , se outra vida houver
sendo homem ou mulher
você poderá terminar sua costura
seu bordado, sua escultura

em uma vida de ventura
porque não foi dessa vez
que Deus lhe deu a permissão
pra sair dessa prisão

Deixe o bordado incompleto
esperando o rumo certo
até outra ocasião
quem sabe ainda nessa vida

você encontre a pessoa querida
que lhe responda: O que é o amor?
Com uma certa precisão !"