domingo, 25 de janeiro de 2009

SOVINICE

A usura não é tão-somente a dolorosa característica do onzenário que encarcerou o próprio coração no cofre impassível.
Vemo-la, por toda parte, arruinando o tempo e tumultuando o caminho.
Constitui, nos mínimos ângulos de nossa experiência, a sonegação do serviço possível e desinteressado, em benefício do próximo — a sementeira de amor — capaz de conduzir-nos à vitória da luz.

Aqui, é o comodismo ocioso, escapando à pequenina conversação que poderia amparar muitas vidas; ali é a fuga deliberada ao impositivo de colaboração em favor do companheiro em provas árduas, simplesmente porque se haja feito menos simpático aos nossos olhos. Acolá, é a indiferença no socorro ao irmão infeliz que a maledicência persegue e, mais além, é a ausência de tolerância construtiva, estabelecendo desânimo e aridez no terreno em que a fraternidade e a cooperação poderiam prosperar, espalhando esperança e alegria.

Não te esqueças de que toda a sovinice é sombra na alma, desde aquela que se imanta aos patrimônios amoedados no mundo, até a mesquinhez do espírito que nega o concurso do entendimento e da bondade, da paz e da confiança, da saúde e do tempo...

À frente da Lei, há tanta culpa nos mordomos da fortuna terrena que desertam do compromisso de ajudar, quanto nos viajores da pobreza e da carência que se instalam na rebelião e na indisciplina, subtraindo-se à obrigação de compreender e servir.

Busquemos a verdade que o Senhor nos legou, afeiçoando-nos a ela, para que sejamos realmente livres através do abençoado cativeiro aos nossos deveres justos, porque de todos os carrascos da avareza, o mais implacável é aquele que nos furta a boa vontade, mantendo, em nosso prejuízo, a avareza do coração.