sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

DE VOLTA PRA CASA

Volta! Assim começava aquela carta.

Era uma manhã promissora e o dia já se mostrava tão belo.

Naquele céu azul, iniciava-se a formação de algumas nuvens. As palmeiras cor da esperança balançavam suas largas folhas, quase num bailar cadenciado movido pela brisa matinal.

Minha visão se deslumbrou ao olhar o horizonte, de onde surgiam pássaros coloridos como fossem lindos bibelôs a enfeitar o céu.

Eles estão voltando pra casa, disse-me o carteiro. Não entendi, exclamei. Nesta época, depois de uma longa jornada eles sempre voltam pra casa, disse ele. Eu nem tinha notado a presença do carteiro diante do vislumbre daqueles lindos pássaros a voarem no céu.

Uma carta para você, disse-me ele. Obrigado foi minha resposta, sem tirar minha visão do horizonte.

Por algum tempo eu ainda fiquei observando aqueles pássaros, quando me lembrei da carta.

Logo fui para o meu pequeno cômodo, onde me sentei em um banquinho de madeira.

Abri aquela carta que começava assim:

Volta, volta logo querido, pois essa saudade consome minha alma. Ao me alongar na leitura daquela carta, parecia que meu coração se estreitava cada vez mais. Não pude segurar as lágrimas, que já começavam a deslizar em minha face. Eu estava a milhares de quilômetros de meu lar. Tinha sobre meus ombros uma grande responsabilidade de uma missão do meu país, cuja missão eu já tinha cumprido com êxito, apenas aguardava as ordens para voltar.

No dia seguinte outra carta chagava-me as mãos, desta vez era a ordem para que eu partisse de volta pra casa.

Olhei para o céu novamente na esperança de novamente ainda ver aqueles lindos pássaros, que voltavam para casa, segundo o carteiro, mas foi em vão. Quem sabe eles já não estivessem em suas casas, pensei. Agora chegou a vez deste outro pássaro, sem asas, voltar para casa.

Nem tive tempo de responder a carta de minha mãe, apenas lhe enviei meus pensamentos: Estou de volta pra casa, querida.