Não Ouvi O Som Do Teu Silêncio
Sentada nos rochedos
Esperei por longo tempo
Ouvir o som do teu silêncio!
Via à minha frente
Brumas contínuas durante o dia
E nas madrugadas frias as mesmas brumas
Que nunca se ausentavam engoliam o orvalho
Jamais senti seu frescor ou seu perfume!
Brumas perdidas de ciúme
Mataram as flores mais formosas
Ao saber que eu as amava deram fim
Ao meu jardim!
A vela sobre minha mesa
Nunca se tornou toco ou sobra
Jamais consegui acendê-la
O vento apagava a chama
Dos fósforos que eu riscava!
Do ponto mais alto dos rochedos
Tentei vislumbrar a cor do horizonte
Porém meus olhos encobertos pelas brumas
Nunca avistaram sua cor!
Esperei por sua volta nas longas horas do dia
E no frio da noite que congelava meu corpo
Atravessando as madrugadas!
Nunca me ausentei nem por um segundo
Do alto dos rochedos
Mais de mil luas se passaram
E em meu porto nunca tu aportaste!
Nem mesmo a lua no meu céu apareceu
As brumas a ocultaram
Como eu poderia apaixonar-me pelo som da flauta doce
Se o vento o levou as distantes galáxias?
Minha alma é um mar de saudade
Não dos nautas nem de velas enfunadas
Minha saudade é muito maior que teu silêncio!
Como poderia ter amado o delírio dos ventos
Se eles eram uma constante
E roubavam sempre o som das flautas doces?
Bronzear-me nas cores da noite
Como...
Se meu céu é isento de cores
Regar os jardins com minhas lágrimas
Como...
Se as brumas mataram todas as flores
Como saber das voltas de um cata-vento
Como...
Se os ventos os sopraram para longe!
Meu amor eu te amo muito mais do que a mim mesma
Porque nestas paragens sou apenas tristeza
Solidão maior que a minha ninguém suportaria!
Nem mesmo depois de minha morte
Irei embora destas plagas
Jamais ocultarei minha paixão na voz do vento
Nem no som do eco!
Mas me negarei contá-la às brumas
Que me invejam por me saberem amada
Pelo mais dócil dos poetas!
Porém eu nunca ouvi nem mesmo em sonhos
O som do teu silêncio
Do qual tanto me falavas!
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