terça-feira, 24 de junho de 2008

Não Ouvi O Som Do Teu Silêncio

Sentada nos rochedos
Esperei por longo tempo

Ouvir o som do teu silêncio!



Via à minha frente

Brumas contínuas durante o dia
E nas madrugadas frias as mesmas brumas

Que nunca se ausentavam engoliam o orvalho
Jamais senti seu frescor ou seu perfume!


Brumas perdidas de ciúme

Mataram as flores mais formosas

Ao saber que eu as amava deram fim

Ao meu jardim!



A vela sobre minha mesa
Nunca se tornou toco ou sobra
Jamais consegui acendê-la
O vento apagava a chama
Dos fósforos que eu riscava!

Do ponto mais alto dos rochedos

Tentei vislumbrar a cor do horizonte

Porém meus olhos encobertos pelas brumas

Nunca avistaram sua cor!


Esperei por sua volta nas longas horas do dia

E no frio da noite que congelava meu corpo

Atravessando as madrugadas!



Nunca me ausentei nem por um segundo

Do alto dos rochedos

Mais de mil luas se passaram
E em meu porto nunca tu aportaste!


Nem mesmo a lua no meu céu apareceu

As brumas a ocultaram

Como eu poderia apaixonar-me pelo som da flauta doce

Se o vento o levou as distantes galáxias?



Minha alma é um mar de saudade
Não dos nautas nem de velas enfunadas
Minha saudade é muito maior que teu silêncio!

Como poderia ter amado o delírio dos ventos

Se eles eram uma constante

E roubavam sempre o som das flautas doces?


Bronzear-me nas cores da noite

Como...

Se meu céu é isento de cores
Regar os jardins com minhas lágrimas
Como...

Se as brumas mataram todas as flores
Como saber das voltas de um cata-vento
Como...

Se os ventos os sopraram para longe!

Meu amor eu te amo muito mais do que a mim mesma
Porque nestas paragens sou apenas tristeza

Solidão maior que a minha ninguém suportaria!

Nem mesmo depois de minha morte
Irei embora destas plagas
Jamais ocultarei minha paixão na voz do vento

Nem no som do eco!


Mas me negarei contá-la às brumas
Que me invejam por me saberem amada
Pelo mais dócil dos poetas!



Porém eu nunca ouvi nem mesmo em sonhos

O som do teu silêncio

Do qual tanto me falavas!