domingo, 2 de novembro de 2008

A origem da Rosa dos Campos

Há muito tempo atrás,

quando o mundo era jovem e ainda não havia gente,

não havia flores nos campos.

Somente gramados e arbustos cinza-esverdeados

aí cresciam.

A Terra sentia-se muito triste,

porque seu manto não tinha brilho, nem beleza.

"Eu tenho muitas belas flores no meu coração"

ela disse a si mesma.

"Gostaria que elas estivessem no meu manto.

Flores azuis como o céu em tempo bom,

flores brancas como a neve no inverno,

flores amarelas como o sol ao meio-dia,

flores rosas como o amanhecer de um dia de primavera

-todas essas estão em meu coração.

Eu fico triste quando vejo meu manto,

todo cinza e marrom."

Uma bela flor rosa ouviu o lamúrio da Terra.

"Não fique triste, Mãe Terra. Eu irei em seu manto

e o tornarei belo."

Então a pequena flor rosa veio do coração

da Mãe Terra para embelezar os campos.

Mas quando o Demônio do Vento a viu, ele urrou,

"Eu não terei aquela bela florzinha no meu quintal."

Correu até ela, gritando e urrando, e soprou-lhe a vida.

Mas o espírito da rosa retornou

ao coração de Mãe Terra.

Quando outras flores criaram coragem para ir adiante,

o Demônio do Vento matava-as.

E seus espíritos retornavam ao coração de Mãe Terra.

Finalmente a Rosa dos Campos decidiu-se ir.

"Sim, doce criança," disse MãeTerra.

"Eu deixarei você ir. Você é tão bela

e seu hálito tão fragrante,

que certamente o Demônio do Vento

vai se encantar com você.

Certamente ele a deixará ficar no campo."

Então a Rosa dos Campos fez a longa viagem

pelo solo escuro e irrompeu nos campos.

Enquanto ela ia, Mãe Terra

dizia em seu coração,

"Oh, espero que o Demônio do Vento deixe-a viver."

Quando o Demônio do Vento a viu, correu até ela, gritando,

"Ela é bela, mas eu não a deixarei no meu quintal.

Vou soprar-lhe a vida."

E continuou se aproximando,

rugindo e respirando em fortes lufadas.

Ao se aproximar, ele sentiu a fragrância da Rosa dos Campos.

"Oh, que doce!" ele disse a si mesmo.

"Não está no meu coração soprar a vida

de uma moça tão bonita com um hálito tão doce.

Ela deve ficar aqui comigo.

Eu devo tornar minha voz gentil,

e cantar suaves melodias.

Não posso assustá-la com meu terrível barulho."

Então o Demônio do Vento mudou:

tornou-se silencioso, e enviava suaves brisas

sobre os campos.

Sussurava pequenas canções alegres.

Já não mais era mais um demônio.

As outras flores vieram do coração da Mãe Terra,

através do solo escuro.

Tornaram seu manto - os campos - belo e agradável.

Até mesmo o Vento veio apreciar as flores,

crescendo entre a grama dos campos.

E, assim, o manto da Mãe Terra tornou-se belo

por causa da beleza, da douçura e da coragem

da Rosa dos Campos.

Às vezes o Vento esquece suas suaves canções

e torna-se ríspido e barulhento.

Mas sua rispidez não dura muito.

E, desde então, ele não faz mal a uma pessoa

cujo manto seja da cor da Rosa dos Campos.