A REAL DECISÃO DE MUDAR
Em uma grande cidade do Brasil, um garoto de oito anos
crescia sob os cuidados do irmão, apenas dois anos mais velho que ele,
pois os pais precisavam trabalhar o dia todo. Apresentava dificuldades
na escola.
Sua professora, ao invés de incentivá-lo a melhorar,
expunha suas dificuldades à classe de maneira jocosa, e disse à sua
mãe que ele não tinha mais jeito.
O garoto, sentindo-se cada vez mais incapaz, repetiu pela
segunda vez o mesmo ano escolar. Revoltado, assaltou a cantina da
escola com um revólver de brinquedo que ganhara, sendo, a seguir,
expulso da escola.
Sem obrigações, passou a ficar na rua o dia todo e fez-se
acompanhar de outros garotos desocupados. Começaram a assaltar
pessoas, roubar carros e usar drogas.
Alguns anos depois, alguns de seus colegas de crime
perderam suas vidas em função de dívidas com traficantes. Ele teve a
certeza de que seria o próximo.
Com medo, procurou uma educadora que criara uma Fundação
no bairro onde morava, e que ensinava atividades como idiomas e música
a jovens carentes.
Ela o aconselhou a sair das ruas, pelo menos por algum
tempo. Para ajudá-lo a passar o tempo, emprestou-lhe um livro. Era o
primeiro livro que ele lia em sua vida, e foi o suficiente para
arrebatá-lo.
Vieram, então, outros livros e a decisão de procurar um
emprego. Na Fundação que o ajudara, conheceu outros jovens que
estudavam para o vestibular.
Conseguiu apostilas e passou a estudar no intervalo do
emprego. Fez supletivo aos 21 anos e prestou vestibular para um curso
de línguas em uma Universidade pública de renome. Foi recompensado.
Ainda cursando a Universidade conseguiu voltar à escola
de onde fora expulso: agora como professor de português.
Depois de formado, seguiu os estudos ingressando na
pós-graduação em Educação Social. Hoje, trabalha em uma entidade não
governamental na região onde mora.
Escreveu um livro sobre o assunto e deseja mostrar, com
seu exemplo, que é possível mudar, que nada é irremediável.
* * *
O que o garoto fez para mudar o curso de sua jornada? O
medo de perder a própria vida foi para ele um incentivo importante
para mudar de rumo.
Ele ouviu sua própria intuição que o levou a procurar
ajuda no local certo. Encontrou alguém que acreditou nele, e o mais
importante: ele realmente decidiu mudar.
Como aquela educadora que o acolheu, há incontáveis
pessoas e instituições que hoje se dedicam a auxiliar criaturas em
situação econômica precária, drogaditos, presidiários, dando-lhes
oportunidades.
Mas, em toda e qualquer situação, o auxílio não muda
realmente o indivíduo, a não ser que ele mesmo decida mudar.
Reflitamos sobre as numerosas mudanças que decidimos
fazer em nossas vidas, mesmo que pequenas, e que, muitas vezes não
passam da vontade, diante do comodismo e dificuldades que criamos para
não mudar.
A história desse jovem nos serve de lição e de exemplo
sobre a real decisão de se modificar e superar a própria condição.
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