sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Eles Vivem

Ante os que partiram, precedendo-te

na Grande Mudança, não permitas

que o desespero te ensombre o coração.

Eles não morreram.

Estão vivos.

Compartilham-te as aflições,

quando te lastimas sem consolo.

Inquietam-se com tua rendição

aos desafios da angústia

quando te afastas da confiança em Deus.

Eles sabem igualmente quanto dói a separação.

Conhecem o pranto da despedida

e te recordam as mãos trementes no adeus,

conservando na acústica do espírito

as palavras que pronunciaste,

quando não mais conseguiram responder

as interpelações que articulaste

no auge da amargura.

Não admitas estejam eles indiferentes

ao teu caminho ou à tua dor.

Eles percebem quanto te custa

a readaptação ao mundo e à existência terrestre

sem eles e quase sempre se transformam

em cirineus de ternura incessante,

amparando-te o trabalho de renovação

ou enxugando-te as lágrimas quando tateais a lousa

ou lhes enfeitas a memória perguntando porque.

Pensa neles com a saudade convertida em oração.

As tuas preces de amor representam

cordes de esperança e devotamento,

despertando-os para as visões mais altas na vida.

Quando puderes, realiza por eles as tarefas

em que estimariam prosseguir e tê-los-ás contigo

por infatigáveis zeladores de teus dias.

Se muitos deles são teu refúgio e inspiração

nas atividades a que te prendes no mundo,

para muitos outros deles és o apoio e o incentivo

para a elevação que se lhes faz necessária.

Quando te disponhas a buscar os entes queridos

domiciliados no Mais Além,

não te detenhas na terra que lhes resguarda

as últimas relíquias da experiência no plano material...

Contempla os céus em que mundos inumeráveis

nos falam da união sem adeus e ouvirás a voz deles

no próprio coração, a dizer-te que não caminharam

na direção da noite, mas sim

ao encontro de Novo Despertar.