Eles Vivem
Ante os que partiram, precedendo-te
na Grande Mudança, não permitas
que o desespero te ensombre o coração.
Eles não morreram.
Estão vivos.
Compartilham-te as aflições,
quando te lastimas sem consolo.
Inquietam-se com tua rendição
aos desafios da angústia
quando te afastas da confiança em Deus.
Eles sabem igualmente quanto dói a separação.
Conhecem o pranto da despedida
e te recordam as mãos trementes no adeus,
conservando na acústica do espírito
as palavras que pronunciaste,
quando não mais conseguiram responder
as interpelações que articulaste
no auge da amargura.
Não admitas estejam eles indiferentes
ao teu caminho ou à tua dor.
Eles percebem quanto te custa
a readaptação ao mundo e à existência terrestre
sem eles e quase sempre se transformam
em cirineus de ternura incessante,
amparando-te o trabalho de renovação
ou enxugando-te as lágrimas quando tateais a lousa
ou lhes enfeitas a memória perguntando porque.
Pensa neles com a saudade convertida em oração.
As tuas preces de amor representam
cordes de esperança e devotamento,
despertando-os para as visões mais altas na vida.
Quando puderes, realiza por eles as tarefas
em que estimariam prosseguir e tê-los-ás contigo
por infatigáveis zeladores de teus dias.
Se muitos deles são teu refúgio e inspiração
nas atividades a que te prendes no mundo,
para muitos outros deles és o apoio e o incentivo
para a elevação que se lhes faz necessária.
Quando te disponhas a buscar os entes queridos
domiciliados no Mais Além,
não te detenhas na terra que lhes resguarda
as últimas relíquias da experiência no plano material...
Contempla os céus em que mundos inumeráveis
nos falam da união sem adeus e ouvirás a voz deles
no próprio coração, a dizer-te que não caminharam
na direção da noite, mas sim
ao encontro de Novo Despertar.
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