O cárcere da inveja
A cada passo na estrada humana, encontramos a sombra da inveja que persiste em aturdir incontável número de pessoas.
A inveja é dessas torturas íntimas que dificilmente consegue-se aplacar Muito raramente é admitida por quem é sua presa.
O invejoso sente-se arder por dentro, cada vez que se vê impossibilitado de deter o que os outros detêm, de fazer como os
outros fazem ou de ser como os outros são, tendo sempre os olhos faiscantes diante de alguma coisa ou posição conquistada
por alguém sob sua mira, perdendo muitas vezes o controle das próprias reações.
O invejoso se descompõe e se perde no valão do ridículo, em função da ansiedade de querer a todo custo ocupar o ‘lugar’
de terceiros. Mais lamentável ainda, é que é tomado de mágoa, de raiva, de maus sentimentos em relação às pessoas que se
lhe tornaram alvo dos infaustos sentimentos.
É comum que o invejoso chafurde em dívidas, para não perder o fio dos modismos. É comum que aceite as sugestões de
contravenções e de crimes, desejoso de conseguir mais facilmente o que outros obtiveram, muitas vezes, por seus esforços
próprios, enlameando-se sempre mais nesse pântano de difícil saída.
A inveja torna-se, assim, uma força perturbadora e aniquilante, porque enceguece o invejoso, que não se apercebe de que
se lutar como os outros lutaram, se trabalhar como os outros trabalharam, se se devotar da forma como os outros se
devotaram, por certo tudo conquistarão, sem necessidade do expediente infeliz da inveja.
São alvos da inveja a fortuna bancária e as posições sociais, os títulos intelectuais e os dotes artísticos, a aquisição
exuberante ou a mais singela. Invejam-se a roupa nova, a jóia diferente, a viagem encetada, e tudo o mais que se acha nas
mãos alheias e não nas do invejoso
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