É TEMPO
É tempo de caminhar em silêncio,
o sol entardece lá fora,
primavera ardida de outubro,
logo-logo anoitece,
e a lua vem nos abençoar.
É tempo de fazer uma prece,
para todos os estranhos deuses
que habitam nossas entranhas.
Cada um de nós tem o seu!
Alguns, até, mais de um!
É tempo de dizer te amo!
E que apesar de todos os enganos,
melhor não poderíamos fazer.
Até por que não saberíamos,
ainda há, muito, o que aprender.
É tempo de beijar nossos filhos
e pedir perdão pelos desatinos,
pelas heranças amargas e insanas,
semente de erva daninha
que erramos ao cultivar.
É tempo de abrir portas,
janelas, porteiras, cancelas;
romper fronteiras distantes,
acabar de vez com as esperas...
Não tarda alguém vai chegar!
É tempo de abraçar os amigos,
dizer do aconchego preciso,
olhos nos olhos sem mascaras,
tocar o coração do inimigo,
semear compreensão.
É tempo de brindar nossas vidas,
de curar em nós as feridas,
de enxugar de vez todo o pranto,
pois apesar de toda a loucura,
agora é hora de consertar.
É tempo de tomar o trem!
Amanhã, antes do anoitecer,
quando o sino tocar seis vezes,
aonde quer que estejamos,
estaremos pensando em vocês.
É tempo de dizer adeus!
Faz de conta que fomos melhores,
pois não foi tão grande o estrago.
Quem sabe uma nova chance?
Custa nada acreditar!
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