quarta-feira, 31 de outubro de 2007

CARTA DE AMOR

Não tenho você como desejava,
raios brilhantes por minha íris,
lendo minh'alma límpida de amor...

Não tenho você nas manhãs de chuva,
para curtirmos juntos o pingar leve
das gotículas no jardim das rosas púrpuras...

Não tenho você para apreciarmos o pôr-do-sol,
ouvirmos boleros, sapatearmos nos pagodes
nem nos risos de alegria, nem nos presentes...

o dia dos namorados ficou chulo, o sorriso embaçado
o dia das crianças também...
lembra-se das línguas de sogra compradas para você?

Pois é, não terei você nunca mais;
corpo físico, abraço verdadeiro,
mas você está preso a mim, sim!

Tenho-te nas lembranças suaves do futebol
que eu, mesmo não gostando acompanhava
e futebol acontece quase todo dia, chova ou faça sol!...

Tenho-te no amor acasalado das borboletas,
dos pássaros, dos bichos de estimação...
nos programas de televisão que nunca terminam

porque acabávamos namorando e esquecendo o filme,
a música; e o ninho num instante se esquentava,
e havia explosões de orgasmos...

e sono aconchegado, e o amor acontecia de novo...
Não te tenho mais...
caímos no fosso do desagrado

e hoje só o vejo no espaço, longe, longe,
pouco, muito pouco
ficou deste amor louco!