CARTA DE AMOR
Não tenho você como desejava,
raios brilhantes por minha íris,
lendo minh'alma límpida de amor...
Não tenho você nas manhãs de chuva,
para curtirmos juntos o pingar leve
das gotículas no jardim das rosas púrpuras...
Não tenho você para apreciarmos o pôr-do-sol,
ouvirmos boleros, sapatearmos nos pagodes
nem nos risos de alegria, nem nos presentes...
o dia dos namorados ficou chulo, o sorriso embaçado
o dia das crianças também...
lembra-se das línguas de sogra compradas para você?
Pois é, não terei você nunca mais;
corpo físico, abraço verdadeiro,
mas você está preso a mim, sim!
Tenho-te nas lembranças suaves do futebol
que eu, mesmo não gostando acompanhava
e futebol acontece quase todo dia, chova ou faça sol!...
Tenho-te no amor acasalado das borboletas,
dos pássaros, dos bichos de estimação...
nos programas de televisão que nunca terminam
porque acabávamos namorando e esquecendo o filme,
a música; e o ninho num instante se esquentava,
e havia explosões de orgasmos...
e sono aconchegado, e o amor acontecia de novo...
Não te tenho mais...
caímos no fosso do desagrado
e hoje só o vejo no espaço, longe, longe,
pouco, muito pouco
ficou deste amor louco!
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