Barquinho de papel
Aquele barquinho de sonhos,
que quando menino ainda,
transformei de um simples e branco papel.
Carinhosamente as dobras,
foram dando forma à fantasia,
pelos meus dedos ávidos do resultado final.
Era um pequeno barquinho, mas cheio de elegância,
encheu-me os olhos de alegria.
Corri para junto do rio que canta,
loas à natureza toda prosa,
e ali me juntei à sinfonia maravilhosa,
sentando-me às suas margens,
e como um ritual infantil,
onde o "faz de conta" nos transporta,
quiz navegar à Terra do Nunca.
Me senti o próprio Peter Pan,
lançando velas no mar aberto,
rumo a novos mundos e sonhos,
dentro daquele simples barquinho.
Deitei na relva macia
e meus olhos acompanhavam
os suaves movimentos,
naquelas águas claras e plácidas.
De pé na proa, Peter Pan delirava.
Sentia-se o dono do mundo!
Todo o oceano a seus pés,
sucesso, glória, mil amores.
A vida descortinando todos os momentos
e Peter Pan, bravo jovem
a ganhar todas as batalhas da vida.
Sonhos condecorados,
rumos tracejados, em tudo
Peter Pan sentia-se feliz, realizado.
E nesse olhar, fixo no horizonte,
nem se apercebeu que
o barquinho de papel era frágil,
e quando o rio cascateou
em uma pedra do caminho,
o pequeno barco afundou!
E o menino se deu conta,
de que não era mais Peter Pan
e nem havia chegado ao seu destino,
mas que poderia, anos mais tarde,
recordar-se de que,
numa tarde calma, na beira do rio,
lançou seu barquinho de papel,
rumo à Terra do Nunca,
mas como um bravo soldado,
a Terra do Sempre
era seu destino já traçado,
pela sábia eternidade!
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