sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Andanças

Andando sem rumo, lentamente, pude observar o sol, o mar, a beleza das flores, seus matizes, sentir seu perfume que embriaga.
Caminhando, calmamente,refletindo,e,conversando mentalmente comigo mesma, descobri coisas lindas que há tempos não me permitia ver porque vivia num mundo escuro, trancado, só com fragmentos de um passado que eu queria transformar no meu presente.

Sim, um passado que me trouxe coisas novas, mudanças interiores que me fizeram ultrapassar meus limites e conhecer o amor de uma forma ímpar, singular, só minha... Um passado que é passado agora... Ficou nos escombros ou sepultados sob a terra fria, que faz com que o corpo se deteriore, mas a presença etérea se faz presente aonde quer que se vá.

Romper barreiras, fugir dos fantasmas, fugir das coisas que me impedem de ser feliz, são descobertas,caminhos difíceis,que revolucionaram o meu íntimo, o meu eu, o meu âmago, mas descobri que me fizeram bem.

Depois de existir como se estivesse acorrentada a mim mesma há anos, hoje sinto-me liberta... Liberta pelo meu sorriso, pela minha vontade de recomeçar a vida, de caminhar tranqüila, serena, sem medos, ao encontro de mim mesma; uma nova mulher ao encontro da vida, da paz e por que não de um novo amor?

Descobri que minha vida é um pequeno rio que começa a se transformar numa corredeira imensa... Vou deixar que ele me transporte à sombra, na evolução das águas, através do pulsar veloz do meu coração.

Descobri que a ansiedade me tirava a vida. Conscientizei-me de que a paz interior que sinto agora é imensamente gratificante! Quero calçar com alicerces fortes essa nova construção dentro de mim.

Como é lindo o momento do reencontro com o nosso eu! O momento do equilíbrio emocional, quando deixamos o nosso íntimo se expressar, reclamar do sofrimento por que o fizemos passar!

Hoje, liberta, vejo nas cores os tons límpidos, tonalidades balsamizantes que há muito tempo não via, porque meus olhos estavam sempre embaçados, sempre cobertos por uma camada suja que me impedia de apreciar as cores suaves do arco-íris, as cores das levezas da vida.

Amigos queridos e meus filhos, sempre presentes na minha vida, a vocês que exerceram papel muito importante na minha caminhada, nesse meu descobrimento, me ouvindo pacientemente, enxugando por muitas vezes minhas lágrimas, me envolvendo num doce e sincero abraço, dizendo-me verdades que eu procurava não ouvir, não sentir, não enxergar. Foram vocês, cada um com a sua grande e profunda amizade, sem nenhuma piedade, que souberam inteligentemente me tirar das garras de um passado que me devorava por dentro para o calor do útero da vida que me espera aqui fora.

Se eu recomeço a descobrir coisas novas, a ser eu mesma, devo a vocês. E somente posso lhes dizer obrigada pela chance que me deram de encontrar em seus ombros sinceros a coragem para desmascarar-me e enfrentar meus medos, minhas inseguranças.

Hoje caminho livre e segura; parto em busca do meu amanhã, do mundo novo que me espera e vou abraçá-lo fortemente com um coração novo, como uma criança que acaba de nascer e descobre que a vida é só dela, e que depende unicamente dela ser feliz ou não.

Quero ainda ser muito feliz, porque nessas andanças interiores descobri que os amo muito e que me amo muito mais...