sexta-feira, 5 de novembro de 2010

SOCORRO DO CÉU

Montado em seu cavalo, o fazendeiro dirigia-se à cidade como fazia frequentemente, a fim de cuidar de seus negócios.

Nunca prestara atenção àquela casa humilde, quase escondida num desvio, à margem da estrada. Naquele dia experimentou insistente curiosidade.

Quem morava ali?

Cedendo ao impulso, aproximou-se. Contornou a residência e, sem desmontar, olhou por uma janela aberta e viu uma garotinha de aproximadamente dez anos, ajoelhada, de mãos postas, olhos lacrimejantes...

- Que faz você aí, minha filha?

- Estou orando a Deus, pedindo socorro... Meu pai morreu, minha mãe está doente, meus quatro irmãos têm fome...

- Que bobagem! - disse o fazendeiro. - O Céu não ajuda ninguém! Está muito distante... Temos que nos virar sozinhos!

Embora irreverente e um tanto rude, era um homem de bom coração. Compadeceu-se, tirou do bolso boa soma em dinheiro e o entregou à menina.

- Aí está. Vá comprar comida para os irmãos e remédio para a mamãe! E esqueça a oração.

Isto feito, retornou à estrada. Antes de completar duzentos metros, decidiu verificar se sua orientação estava sendo observada.

Para sua surpresa, a pequena devota continuava de joelhos.

- Ora essa, menina! Por que não vai fazer o que recomendei? Não lhe expliquei que não adianta pedir?

E a menina, feliz, respondeu:

- Já não estou mais pedindo, estou apenas agradecendo. Pedi a Deus e ele enviou o senhor!