Cada um de nós tem dificuldade em perdoar e pedir perdão. Uns mais, outros menos.
O problema é agravado quando, além de não conseguir fazer uma ou as duas coisas ao mesmo tempo, a pessoa decide guardar raiva, rancor, ressentimento, tudo com "r" de ruim.
Perdoar é uma decisão. Esta decisão deve ser completa. Uma vez tomada a decisão de perdoar, não permitir que a ofensa continue trazendo peso sobre o ofendido, ou seja, você mesmo. É o que chamamos de "colocar uma pedra em cima".
Sabemos que debaixo da pedra está a ofensa, mas decidimos não mais olhar para ela. Também decidimos que não levantaremos a pedra, mesmo que recebamos uma nova ou mais grave ofensa da mesma pessoa que nos ofendeu.
Primeiro, porque decidimos perdoar. Segundo, porque decidimos colocar no seu devido lugar o fardo da ofensa recebida.
Penso que a dificuldade para perdoar está no pensamento de que terá de esquecer a ofensa, como quem apaga tudo o que foi escrito com giz num quadro-negro.
É humanamente impossível esquecer o fato em si, pois aconteceu, mas é humanamente possível optar por não trazê-la à memória tanto para sofrer novamente (ressentir) quanto para lançar no rosto do ofensor (fazer refém). Não se deixar ressentir é o mesmo que esquecer.
É tirar de sobre si o peso da afronta recebida.
Para algumas pessoas ofendidas, perdoar é como deixar livre o ofensor sem punição. Pensam que, uma vez perdoando, transformar-se-ão numa pessoa boba, idiota, ou outro adjetivo depreciativo. Estou certo de que não é verdade, que não é isso que acontece de fato. Acredito sim numa transformação para melhor: uma pessoa mais bela, mais leve, mais de bem com a vida.
Deus fez o homem com capacidade de discernir entre o bem e o mal. Deu-lhe consciência. Todas as vezes que o homem fere ou ofende o seu próximo, o faz também ao Criador. Conseqüentemente, em sua consciência receberá o peso da ofensa que cometeu.
Ainda que tente demonstrar o contrário, a consciência do ofensor acarreta-lhe punição, quer seja naquele momento, bem como as conseqüências da ofensa cometida, mais adiante: perda de uma amizade, quebra de comunhão com os pais, o cônjuge, filho (s), etc., isto sem contar que o corpo recebe a mesma carga. É a lei da semeadura “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará" (Gálatas 6 : 7). Além disso, receberá o juízo divino. É desta forma que creio.
Já o que recebeu a ofensa, por mais dura que seja, podemos fazer algumas breves considerações: ainda que a ofensa seja justificada, ou seja, alguém ofendeu uma pessoa por algum erro cometido, no momento da ofensa é-lhe concedida a oportunidade de refletir sobre seu erro e se redimir daí por diante.
A ofensa,então, produziu algo positivo ao ofendido: reflexão sobre o erro e consertar-se para não mais errar.
Se a ofensa não tem fundamento, por mais duras que sejam as palavras ou atitudes tomadas contra ela, o ofensor é, então, injusto e mentiroso e o ofendido, inocente.
Passado o momento do episódio em que ocorreu a ofensa, o ofendido tem a consciência tranqüila de que não é aquilo que lhe disseram (a ofensa), tampouco merecia recebê-la.
Logo, é também positiva, pois não lhe acarretará fardo algum SE, em seu coração, DECIDIR PERDOAR.
Quando a decisão é não perdoar, penso que as conseqüências mais desastrosas são para o ofendido que para o ofensor, em especial se este se arrepender da ofensa cometida conta aquele.
Há alguns anos atrás travei uma luta contra o ressentimento. Numa conversa acalorada um amigo me disse coisas que ofendeu e magoou profundamente. Cada um seguiu seu caminho e o ressentimento começou a destruir minha comunhão com Deus.
Por providência Divina, alguém que não sabia de nada me enviou duas mensagens: uma com o título “
Ressentimento” e outra “Perdão”.
O modo como Deus trabalhou meu coração naquela ocasião foi tremendo. Decidi limpar meu coração das mágoas e ressentimentos e passei a viver uma nova vida.
Tirei, de uma vez por todas, todo o fardo que pesava sobre mim.
Jesus ensinou como devemos agir quando das ofensas recebidas. “Então, Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete" [ou seja, quantas vezes for necessário] (Mateus 18:23-24). Na oração dominical Jesus ensinou:
“perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores”
(Mateus 6:12). Se não perdoamos, tornamo-nos mentirosos diante de Deus e nossas orações não são respondidas.
Nas vezes que ensinou sobre o perdão, Jesus foi categórico em dizer: “Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (Mateus 6:14-15).
Na parábola do credor incompassivo, aquele que teve a dívida perdoada, cujo montante era-lhe humanamente impossível pagar, mas não teve compaixão e não perdoou o seu servo, Jesus disse: “E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse toda a dívida.
Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão” (Mateus 18:34-35).
A Bíblia nos ensina a não guardar ressentimentos: “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira. Nem deis lugar ao Diabo” (Efésios 4:26-27). “Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens; se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens; não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas daí lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor. Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Romanos 12:17-21).
A decisão de perdoar tem início em Deus. Para perdoar os pecados da humanidade, Deus entregou seu filho Jesus Cristo para morrer na cruz. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”; “…porque ele salvará o seu povo [a humanidade] dos pecados deles”,
respectivamente, João 3:16 e Mateus 1:21.
Deus tomou a decisão de perdoar o homem. Assim como perdoar é uma decisão, aceitar o perdão é também uma decisão.
De hoje em diante, sugiro rever as ofensas cometidas e recebidas.
Todos nós carecemos de pedir perdão e receber perdão. Assim como escrevi no início que raiva, rancor, ressentimento, escreve-se com "r" de ruim, é também com a letra “R” que escrevemos seus antídotos.
RECONCILIAÇÃO, com o irmão que brigou por alguma coisa séria, ou sem sentido.
RESTAURAÇÃO do casamento que está prestes a ruir, ou mesmo já tendo havido a separação, Deus pode ajudá-lo a restaurar.
REATAR os laços de uma amizade de tantos anos cuja comunhão foi quebrada por algo simples, por um desentendimento ou ainda que tenha sido por algo sério.
Este post é o mais longo que já escrevi. Tenho consciência de que maiores serão as bênçãos em sua vida que a multidão de letras deste escrito se você deliberar hoje em o seu coração pedir perdão a quem ofendeu, ou liberar perdão àquele que o ofendeu.
A Bíblia diz que tudo é possível ao que crê. Crer também é uma decisão, assim como pedir perdão e perdoar e, ainda, não guardar ressentimento. Você sozinho não conseguirá fazê-lo. Mas, com a ajuda de Deus, você conseguirá.
"Guardar raiva é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra!"