O complô de Deus
De onde vem essa brisa, na noite em que a solidão me ataca?*
De onde vem tantos cheiros que inebriam a minha alma tão vazia?
Parece um complô contra a minha tristeza, quero chorar e às lágrimas me
faltam,
quero me acabar, e sinto o renovo da vida em cada estrela que insiste em
brilhar.
Por que o mundo não se acaba comigo, com o desespero que sinto agora?
Por que quero sentir a dor e a vida insiste em mostrar-me a sua exuberância?
Por que será que quero parar de respirar e o ar gelado da noite me refrigera
os pulmões?
Deus...
*Deus, quem é Você que insiste em me fazer viver?*
Por que não me deixa morrer só, neste canto da minha vida tão pequenina?
Onde estava quando eu comecei sofrer como cachorro abandonado?
Onde andou quando fui largado, quando todos ficaram contra mim?
Onde eu deveria te procurar quando a dor me queimava a alma?
Fui em igrejas diversas, no campo, nas ruas
e até na beira do mar, gritei teu nome,
implorei ajuda, mas não te percebi...
*Deus, por que não me deixa aqui, *
entregue aos meus próprios pensamentos,
ao sofrimento que me corrói a alma?
Esse vento que não para de soprar, e que me alivia a dor, é Você?
Essas estrelas que não cansam de brilhar, é Você?
Essa lua imensa que me traz tantos sonhos, Você?
E quando o dia amanhecer, e trazer uma nova manhã,
o sol que vai me aquecer é Você?
*Será que eu estava cego esse tempo todo*,
até os passarinhos que cantam na minha janela,
eram teus enviados? Era Você?
Será que essa vontade de viver, de recomeçar, de lutar e vencer,
será que é Você?
> *Perdão!
> Estavas tão perto e eu nem Te percebi,
> a dor me cansou,
> o orgulho me cegou,
> a minha visão imediatista me deixou assim, cego, perdido, mudo.
> Sem a capacidade de Te reconhecer onde sempre esteve:
> aqui, dentro de mim, por isso, decidi viver.*
Eu acredito em você,
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