quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Prece de Final de Ano

A quem deverei clamar,
se o nome de Deus
se perde em bocas insensatas?
A quem deverei implorar,
se sou apenas um ser humano
cheio de imperfeições?
Teria eu o direito de esperar
um convívio maravilhoso
entre as pessoas,
sem que cada um olhasse
para dentro de si mesmo,
sem as defesas prontas
e tão aplaudidas, ante fatos
escandalosamente errôneos?
Defesas que confundem o certo
aos olhos dos incautos?

Seria essa total inversão
de valores
aceita por tantos,
que passaria a confrontar-se
com as minhas verdades,
a ponto de eu me achar
completamente perdida,
sem direção,
sem juízo de avaliação?

Meu Deus,
não existe mais o Bem e o Mal,
o Certo e o Errado,
a Verdade e a Mentira,
a Causa e a Conseqüência?
Será que nos dias atuais
não mais existe a Decência,
o Respeito?

Será que o medo de ser diferente
cala os nossos gritos?
Ou será que o mocinho
foi morto,
o modelo se perdeu
nas conveniências
e todos se escondem
em trincheiras de desculpas
em nome de uma falsa paz?

Calam-se as vozes da razão,
envoltas em nódoas equívocas.
Calam-se o bem e a verdade
e a mentira se veste
de escandalosos véus,
aplaudida por aqueles
que dizem agir em nome do bem.

Mudou também
o conceito de justiça?
Não compreenderam
a venda que cobre os seus olhos
nem o peso da sua balança?

Ah! Deus meu!
"Ubi sumus terrarum"!



Será que um sopro da sua bondade

nestes últimos dias do ano

não removeria tantos desacertos,

não limparia do nosso olhar

o egoísmo e a intolerância?

Será que não nos falta apenas

um pouquinho de boa vontade?



Nem sei se somos merecedores

de uma graça especial

ou se meus pedidos se perderão

entre os esquecidos...

Mas eu ouso Lhe dizer

que há muitos seres, por aqui,

que se enlaçam nos mesmos anseios

e, por tais, ainda sonho, ainda creio...



Posso esperar, Senhor?

Não tarde...

Preciso muito da minha fé!