sombras de mim...
Meus risos, os sons dos guizos,
os frêmitos, a confusão do nexo, meus confusos juízos...
os quereres desanimados que desconsolados
já se faziam carcomidos pelos gestos desolados...
o medo de tudo, o correr do fim...
sombras de mim...
Mas meu corpo reagia,
buscava nos átimos da solta energia
algo a mais, uma magia...
uma parcela de amor, quem sabe?
Uma pintura que num rosto se fizesse realce,
para que então, sem abalos afins
eu afastasse vagarosa e pacientemente,
as sombras de mim...
Eu me projetei no espaço.
Eu abarquei pessoas.
Eu segui os passos,
dos que buscavam nos laços
algo para que fosse redivivo...
eu sabia,
eu não me contentava em viver assim,
aprisionado, amarrado,
nas sombras de mim...
Corri tanto, mas tanto
que nem o canto da passarada,
conseguiu seguir-me
em minha fuga escancarada, apavorada...
mas sabia que poderia encontrar-te
e que serias minha luz.
Eu tinha fé que suportava o peso da cruz.
E prossegui...
rastejei, caminhei, naveguei, voei.
E cheguei!
O que ficou no caminho
como fossem pedaços que sozinhos,
arfantes e já não sonantes, opacos e fracos,
já não refletiam nada enfim,
foram sombras de mim...
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