...E VIVERÁS
Estás extenuado...
Cansaço, dúvida, infortúnio são as expressões que enlutam os teus lábios.
Desencorajado pelos companheiros que abusaram das fontes generosas da
tua confiança pura, não te animas a encetar novas atividades.
Sabes, porém, que o desânimo é implacável inquilino do domicílio
espiritual.
Entretanto, acreditas em abandono e não reages.
Não ignoras que a lâmina aguçada não é responsável pelos cortes que
produz... Mas entregas o instrumento da produção à ferrugem, sem o
necessário esforço de movimentá-lo em sentido edificante...
Sempre podes recomeçar, amigo.
Interioriza a busca da felicidade e descobre os tesouros de que podes
dispor em favor dos outros.
Teu cansaço é também o cansaço de muitos que te deixaram a sós...
Tua dúvida é o resultado da aflição dos que fugiram do teu círculo...
Teu infortúnio é a desesperação daqueles outros que soçobraram nas ondas
encrespadas do testemunho...
Não creias necessário te ausentares do lar para ajudar a renovação do
mundo.
Renova-te primeiro, onde vives.
Tens, no reduto em que moras e nas ruas por onde transitas, mil
oportunidades de aprimoramento.
Vibre o verbo nos teus lábios, escorra a luz em teus olhos, movimente-se
a força em tuas mãos, divida-se o amor em teu coração, e distribuirás
tesouros em favor dos que estão contigo.
Sem que o saibas, és pedagogo para outros aprendizes.
Há consideração em redor dos teus passos.
O carinho aguarda momento de falar-te.
A alegria não é tua adversária.
Vai àqueles que não podem vir a ti.
Esquece mágoas que não tem fundamento.
Quem fere propositadamente está doente da razão.
Quem mantém inimigos ignora as leis de trocas que sustêm a vida em a
Natureza.
Todos necessitamos de algo ou de alguém para galgar os degraus na via de
ascensão.
Espírito algum se libertará da Terra a caminho de um céu pessoal, para
gozo próprio.
Não esqueças de que o bem que se faz é o único trabalho que faz bem, e
esse serviço em favor dos outros é a caridade única em favor de nós
mesmos, que pode atingir o cerne da alma, libertando-a para o sacerdócio
do soerguimento do mundo.
Encerrando a entrevista com o sacerdote que procurava confundi-lo, disse
o Mestre, na Parábola do Samaritano: "Vai e faze o mesmo!"
Não abandones a oportunidade de ajudar, somente porque o cansaço, a
dúvida e o infortúnio teimam em adquirir existência real para dominarem
tua alma, estrangulando-a nos vigorosos tentáculos da aflição
pessimista. Vence todo o mal e viverás.
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