ANTE A ORFANDADE
Cultivarás a semente nobre que te supre de pão.
Protegerás a árvore respeitável que te assegura a benção do reconforto.
E plantarás na infância o porvir que te espera.
Recolhe, sim, a criança que chora a ausência do braço paterno ou que se lastima ante a falta do regaço materno que a morte lhe suprimiu.
A dor dos que vagueiam sem rumo é grito de aflição que clama no seio augusto da Eterna Bondade.
Não abandones à orfandade moral os corações pequeninos que o Céu te confia ao apoio à vizinhança.
Não te julgues exonerado do dever de assistir a todos aqueles que, em plena aurora da vida humana, te defrontam a marcha.
Todos eles aguardam-te a palavra de instrução e carinho e a tua demonstração de solidariedade e de amor.
Orientam-se por teus passos, guiam-se por teu verbo e atendem por teu chamado.
Agora assimilam-te os gestos e ouvem-te as assertivas e, mais tarde, reconduzir-te-ão a mensagem do exemplo às existências de que se rodeiam.
O mundo de hoje é o retrato fiel dos homens de ontem que no-lo transmitiram com as qualidades e os defeitos de que se nutriam no campo das próprias almas.
A Terra de amanhã será, inelutavelmente, o reflexo de nós mesmos.
Não te comovas tão somente perante o sofrimento que sufoca milhares de pequeninos.
Faze algo.
Começa diante daqueles que o Senhor te localiza junto aos próprios sonhos, no instituto doméstico, para que as tuas esperanças no bem não se resumam à fantasia.
Recorda que os meninos da atualidade estão endereçados à posição de senhores do lar que te acolherá no grande futuro e neles encontrarás a colheita do que houvermos semeado, de vez que a lei é sempre a lei multiplicando os bens e os males da vida, conforme a plantação que fizemos, no descaso ou na vigilância, no trabalho ou na preguiça, nos princípios da sombra ou nas eminências da luz.
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