A VIDA EM UM SONHO
A vida...
É um enredo em que o olhar é um ostensório
Que expõe o espírito carente, às vezes, disperso
ou com a pureza dos santos do éden celestial
ou, ainda, com as incertezas de um purgatório.
Nesse drama...
Sou um ator numa escala indefinida, no teatro da vida...
Faço o papel do carente na corte das rainhas do amor.
Quero navegar...
No meu barco sem amarras que me prendam à ilusão,
Quero romper o cabo da âncora das minhas incertezas
E seguir sem o instrumento que o fundeia e o imobiliza.
Nada é fácil para este timoneiro de sonhos em vão...
Não vejo o ancoradouro...
Vejo a agitação da vaga a destruir as venturas,
E os ideais conquistados com o esforço de um mouro
No decorrer desta minha vida, que é um tempo
Cheio de contradições e desditas...
E, como o meu barco...
Seguem tantos outros entre rosas e o rosários dos santos,
Entre lágrimas minadas, nos oratórios dos pecadores,
Nas orações, com peitos contritos ou em constrição...
Acordo com o sol a iluminar-me e a convencer-me
De que é uma miragem, essa viagem
Que se instalou nos meus sonhos.
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