quinta-feira, 27 de setembro de 2007

AUSÊNCIA E DESEJO

Existe em mim uma ausência de alegria.

Sinto-me ausente de tudo, ou quase tudo.

Contudo ainda existe um lugar que me acho presente,

cujo lugar chama-se amor.



Sinto-me ausente dos passeios matinais,

dos sobrevôos astrais,
da ida ao mar, do puro ar das montanhas,

das artimanhas fazendo pintura,

misturando cores, para obter uma linda cor.



Pressinto que me sinto ausente de mim mesmo.

Sinto ausência de colorir ilusões,

do costume em despetalar, das flores lindos botões.


Ainda guardo lembranças de meus gestos,

de espalhar pétalas de rosas sobre a alcova,
deixando a visão embelezada,

pacientemente contar os minutos

e esperar por minha amada.



Sinto-me ausente das festas de aniversário,

da alegria contagiante,

de brincar com a ilusão e os balões imaginários.
Ainda sinto vontade de ouvir a sua voz,

procurando me seduzir,

só para eu sentir desejo de lhe beijar,

aflorando na sedução a vontade febril de lhe amar.
Ainda sinto o desejo de me vestir na sua ternura,

só para sentir a mornura do seu coração.
Mas lhe digo,

ainda existe um lugar que me acho presente,

cujo lugar chama-se amor,

abstrato relicário da minha

tão linda ilusão.