terça-feira, 29 de março de 2011

Quando a vida sorri

Nem tudo é preto e nem
tudo é branco na vida.
Se muitas vezes
temos a impressão que
o mundo e todas as misérias dele
recaem sobre nós é por
que não olhamos com mais
objetividade para nosso interior
ou os passos
que deixamos para trás.

É próprio do ser humano,
ou da maior parte dele,
de revisitar a vida mais facilmente
nos momentos dolorosos.
Vamos,
passo a passo,
revendo isso mais aquilo,
sempre somando as tristezas.

Parece que queremos nos
convencer da nossa razão
de tristeza existencial,
provar a nós e aos outros o
quanto somos
privados da felicidade
que cremos
(mas só cremos!)
destinada a alguns privilegiados.

Há cada ano quatro estações
distintas que nos
mostram que a vida está
sempre em movimento.
Há cada dia
variações de temperatura
e de luminosidade que provam
que a vida não é estática.

E é assim conosco.

Depois das primeiras horas,
primeiros dias e primeiros
anos muito e muito aconteceu.

Por que então privilegiar
os momentos onde a vida
pareceu mais árdua,
por que medir os rios de
lágrimas que choramos e não
os quilômetros de sorriso que demos?
Mesmo se poucos
(e o que é pouco na contagem de uma vida?),
esses momentos existiram.
Com certeza, existiram.

A vida sorri aqui e acolá.
Sorri quando nasce uma criança,
quando brota uma flor,
quando as férias chegam,
quando revemos alguém
depois de longo tempo,
quando nosso coração descobre
a alegria de enxergar outro coração
e assim por diante.

Não fugindo da realidade
que nos cerca e que
devemos enfrentar,
é bom relembrar o que de bom
e bonito nos aconteceu.
Visitar mais vezes nos recantos
da memória o bem que nos fizeram,
o dia mais marcante,
os momentos que compartilhamos
e as gargalhadas que demos.

Devemos acreditar que no muro
que está diante de nós
pelo menos uma janela
vai se abrir,
assim como se abriram
as portas pelas quais atravessamos
e que nos conduziram até o hoje.

Quando a vida nos sorri
devemos tirar um retrato
dela e colocar num
grande quadro,
bem visível no lugar que
mais ficamos na nossa casa.
E olhar pra ele mais vezes,
mais intensa e mais profundamente.

Um momento de felicidade
pode ser muito maior e compensar
centenas de outros menos alegres.
Se acreditamos nisso vivemos muito
mais e muito mais serenamente.